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sábado, 23 de novembro de 2024
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Motociclistas

Reservados para motociclista, ‘motoboxs’ são desrespeitados

Condutores e motoristas disputam os espaços exclusivos para as motos, prejudicando a fluidez do trânsito

Postado em 16 de outubro de 2021 por Raphael Bezerra
Reservados para motociclista
Condutores e motoristas disputam os espaços exclusivos para as motos

Instaladas em outubro do ano passado, as ‘motoboxs’, espaços exclusivos para motocicletas pintadas em alguns semáforos da Capital, são intuitivas para os motociclistas, mas ainda são desrespeitadas por motoristas, especialmente no período da noite. A medida auxilia na redução de conflitos entre motos e carros e tem como objetivo dar segurança e agilidade na saída após a abertura dos sinais. A Prefeitura de Goiânia pretende instalar as faixas em todos os 775 cruzamentos semaforizados da cidade.

Motos e carros disputam o espaço, especialmente em horários de pico e no período noturno, colocando em risco a vida dos pilotos e prejudicando a fluidez do trânsito. Alguns motoristas alegaram desconhecimento a respeito da faixa ou, como é o caso de Augusto Henrique, de 53 anos, que não reduziu a velocidade no sinal amarelo e parou com parte do veículo em cima do motobox. “Estava acelerado e o sinal fechou. Mas dá mais agilidade para o trânsito, eles saem primeiro e é seguro para eles”, comenta.

Para os motociclistas, a implementação de um espaço de segurança nos semáforos é intuitiva e positiva. Orlando Moreira, que é motorista e motociclista, alerta, no entanto, que é mais conscientização e divulgação da medida para que os veículos cumpram o distanciamento. “Eu piloto motos também e desde a pintura é algo bem natural, intuitivo e óbvio, mas ainda há muito desrespeito com a medida, o que pode colocar em risco a vida de quem pilota”, alerta.

Segundo Moreira, como a iniciativa ainda é nova, é natural que o desrespeito impere, ainda mais em uma cidade conhecida pela má educação no trânsito. “O goiano tem a mania de não dar seta, ultrapassar o sinal vermelho, não será da noite para o dia que vai respeitar um espaço para as motos”, verbaliza.

O titular da Secretaria de Mobilidade de Goiânia, Horário Mello e Cunha Santos, aponta que as faixas devem ser implementadas nos 775 cruzamentos semaforizados da Capital, mas admite que em muitos locais as faixas não estão completas. É que algumas das faixas não receberam os pictogramas (figura pintada no chão dentro da faixa representando as motocicletas) devido às diferenças no tipo de pintura que são realizadas.

“A questão do motobox dá ao condutor de veículos em Goiânia a percepção que todos podem conviver com distanciamento no trânsito. Várias cidades já aplicaram, e a tendência é que as motos fiquem na frente no sinaleiro. O motobox resolve isso, afasta os automóveis no semáforo e deixa reservado para as motocicletas, criando a proteção para os dois lados. Pela saída mais rápida é mais seguro, não fica amontoado. E isso vai ser aplicado em toda a Capital”, argumenta.

Segundo Horário, a iniciativa não deve ser implementada em semáforos em vias de duplo sentido que não possuem canteiros centrais para não incentivar e induzir os motociclistas a invadir a contramão para chegar ao local. Ele alerta ainda que a medida não induz a utilização dos corredores (prática comum dos motociclistas no trânsito que é ultrapassar veículos pelo espaço entre as faixas). “A legislação prevê que quando os veículos param nos semáforos, as motos podem circular com cuidado e cautela entre os veículos parados. Mas os motobox não induzem a prática com o trânsito em movimento”, discorre.

Campanha de conscientização e dados

Não há previsão de campanhas educativas sobre os motobox no horizonte da prefeitura. Durante a inauguração da iniciativa, agentes de trânsito foram direcionados para os locais onde as faixas foram pintadas para orientar os motoristas sobre a medida.

Segundo o último levantamento feito pelo Mapa da Motorização Individual no Brasil, Observatório das Metrópoles Coordenação Nacional, Goiânia segue como a cidade com o maior número de motorização por motos, com cerca de 18.4 veículos para cada 100 habitantes. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), circulam na Capital cerca de 246 mil motocicletas.

Taxa de motorização

Entre 2008 e 2018, o número de motos no Brasil saltou de 13 milhões para 26,7 milhões. As mais de 13,7 milhões de unidades que foram acrescidas à frota nesse período correspondem a uma variação percentual superior a 105%. A taxa de motorização passou de 6,9 motos para cada 100 habitantes em 2008 para 12,8 motos/100 hab em 2018. Entre o final de 2017 e o final de 2018, houve um aumento de 3,6%, o que representa algo em torno de 922 mil motos.

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia, por meio da Secretaria Executiva de Mobilidade iniciou em 2019 um programa semelhante ao lançado em Goiânia, mas a implementação parou após a pintura em apenas duas vias: Avenidas Rio Verde e Independência. (Especial para O Hoje)

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