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sábado, 23 de novembro de 2024
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Artigo de Opinião

Se não é bom para as pessoas e para o meio ambiente, não é um bom negócio

Confira o artigo, desta quarta-feira (20/10), por Por Omar Rodrigues.

Postado em 20 de outubro de 2021 por Redação
Se não é bom para as pessoas e para o meio ambiente
Confira o artigo

Por Omar Rodrigues (especial para O Hoje)

Que o mundo está mudando, não é novidade para ninguém. Percebemos uma geração mais consciente social e ambientalmente, disposta a provocar transformações, acelerando movimentos que antes levavam décadas para, de fato, mudar algo na prática. É uma geração que impulsiona mercados, empresas, academia, governos e organizações em um caminho sem volta.

São ícones que, corajosamente, levantam bandeiras por causas que acreditam de forma genuína, mobilizando outros atores que compartilham dos mesmos interesses coletivos. A força dessa juventude consciente que atua com desenvoltura de forma local ou global pode ser vista na ativista sueca Greta Thunberg, que aos 15 anos chamou a atenção da comunidade internacional para a necessidade de governos nacionais atuarem de forma mais incisiva para mitigar os efeitos do aquecimento global.

Mas não precisamos procurar fora do país exemplos dessa ação renovadora em prol do bem comum. A oceanógrafa paraense Raqueline Monteiro, de 29 anos, é uma dessas mulheres da nova geração que precisam ser mais ouvidas. Nomeada Jovem Embaixadora do Oceano Atlântico no final de 2020, com a função de promover a conservação e proteção para as futuras gerações, Raqueline estuda sobre a poluição ocasionada por plásticos na Amazônia. Antes, a jovem pesquisadora, doutoranda em Ecologia Aquática e Pesca na Universidade Federal do Pará, havia pesquisado sobre a poluição por plásticos em ilhas oceânicas e no Oceano Atlântico, além de ter atuado em projetos de educação ambiental em áreas costeiras.

Outra referência é o empreendedor social Eduardo Lyra, fundador e CEO da ONG Gerando Falcões. Criado na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, Edu é considerado um dos jovens mais influentes do Brasil, tendo recebido diversas premiações nacionais e internacionais – entre elas uma condecoração do Fórum Econômico Mundial. Utilizando métodos inovadores na gestão de programas sociais, Lyra construiu pontes com grandes empresas e conseguiu investimentos para reproduzir o modelo de sua ONG em outras comunidades, beneficiando até agora mais de 100 mil crianças e adolescentes com ações de promoção do esporte, cultura e geração de renda.

O que talvez tenha sido a grande sacada dessa evolução é a convergência entre velocidade e abrangência. Antes, saía na frente quem identificava uma oportunidade para crescer e ganhar sozinho. Hoje, essa receita não funciona. Se não há um bem comum, é muito mais difícil se sustentar no longo prazo. Já escutamos isso faz algum tempo, mas está claro que só é bom quando é bom para todo mundo. Para quem produz, para quem vende, para quem compra. Para quem ensina e para quem estuda. Para quem emprega e para quem trabalha. Para quem ajuda e para quem é ajudado.

Empresas em diferentes setores já perceberam que a geração de valor econômico deve ser capaz de gerar também um valor para a sociedade, atrelando o sucesso empresarial ao progresso de todos. Um bom exemplo dessa evolução são os negócios de impacto socioambiental positivo, que já nascem com o objetivo de contribuir para a solução de algum desafio ecológico ou social, como a conservação de áreas naturais e da biodiversidade, ao mesmo tempo que podem gerar resultado financeiro e inúmeras oportunidades para pessoas em suas comunidades.

Um verdadeiro ecossistema de negócios de impacto positivo está surgindo no Brasil, reunindo jovens bem preparados com propósitos claros e genuínos, atraindo também a atenção de investidores. O avanço da gestão que valoriza as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, sintetizado na sigla ESG (Environmental, Social and Governance), é um dos sinais de que essa busca pelo valor compartilhado está cada vez mais forte.

Isso demonstra que os cidadãos e as instituições devem sim pensar no outro. E por este “outro” entende-se seus familiares, amigos, vizinhança e em uma instância mais ampla, seus consumidores, parceiros de negócios, sociedade. Ou seja, este outro está mais perto de nós do que pensamos.

São mudanças de mindset que projetam a inclusão de uma lente adicional, refletindo uma extensão mais ampla da percepção de mundo, de como impacta e é impactado pelas suas próprias decisões, bem como de terceiros. Essa nova sociedade vem para nos mostrar a necessidade urgente de criar um senso de coletividade nas mais diversas esferas. Há uma real motivação que deveríamos sempre tomar decisões hoje, melhor do que ontem, e assim continuamente.

Portanto, a responsabilidade maior para construir continuamente uma sociedade que está em constante transformação é qualificar a tomada de decisão em uma perspectiva menos individual e mais altruísta. Só assim haverá uma chance de equilíbrio e harmonia, duas palavras que são quase equações, se conectarem com as pessoas, o meio ambiente e a sociedade.

Omar Rodrigues é gerente sênior de Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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