Em entrevista, Lula defende auxílio emergencial de R$ 600: ‘o povo merece’
Defesa do petista surgiu um dia após o governo Bolsonaro confirmar que o valor do Auxílio Brasil será de R$ 400
Em entrevista à rádio ‘A Tarde’, de Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o benefício concedido às famílias do Auxílio Brasil seja de R$ 600. A entrevista foi dada um dia após o atual governo, de Jair Bolsonaro (sem partido), confirmar que o auxílio terá um valor médio de R$ 400.
“Eu estou vendo agora Bolsonaro dizer que vai dar um auxílio emergencial de R$ 400 que vai durar até o final do ano que vem. E tem muita gente dizendo ‘não, a gente não pode aceitar porque é um auxílio emergencial eleitoral’. Não, eu não penso assim”, afirmou Lula.
Além disso, o petista lembrou que o PT defende o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 e diz não ter motivos para o partido criticar o aumento do benefício, que serve para ajudar famílias. Segundo Lula, o partido deve continuar pleiteando o aumento do auxílio para R$ 600, uma vez que “o povo merece”.
O ex-presidente disse também que a questão não deve ser tratada sob a ótica eleitoral e que “não se pode querer que o povo continue na miséria” em decorrência das eleições de 2022. “O que nós queremos é que Bolsonaro dê o auxílio emergencial de R$ 600. ‘Ah, ele vai tentar tirar proveito disso’. Olha, isso é problema dele. E é problema da sabedoria do povo. Se alguém acha que vai ganhar o povo porque vai dar um salário emergencial de R$ 600, paciência”, disse o petista.
Bolsonaro determinou que o valor do Auxílio Brasil chegue a R$ 400, valor superior aos R$ 300 do auxílio emergencial. O benefício foi criado para aliviar os efeitos econômicos da pandemia e se encerra no próximo dia 31. Segundo a Folha de São Paulo, a indefinição para uma saída do novo programa social aumentou a pressão sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, nos últimos dias.
Na última terça-feira (19/10), o Palácio do Planalto desistiu de realizar a cerimônia, combinada em reunião no Palácio do Alvorada na noite da última segunda-feira (18/10), que anunciaria o Auxílio Brasil. O recuo se deu pelo nervosismo do mercado diante do possível aumento de gastos acima do teto e pressão a Paulo Guedes e sua equipe. Entretanto, o Ministério da Economia nega risco de debandada.
Diante do impasse, a equipe retomou a intenção de manter o novo programa dentro do teto de gastos e o valor de R$ 400, determinado por Bolsonaro, não está em discussão.
O desgaste entre as alas políticas e econômica do governo é antiga, mas se intensificou nos últimos dias devido ao auxílio emergencial. De acordo com a ala política do governo, é improvável que haja uma saída dentro do teto e desagradar o mercado financeiro já estava “precificado” por auxiliares de Bolsonaro.
Na última terça-feira, a Bolsa de Valores brasileira registrou forte queda, gerando o disparo do dólar. O Ibovespa, indicador da B3, recuou quase 4% durante a tarde e encerrou o pregão na marca de 110.672 pontos, causando queda de 3,28%. O dólar chegou a R$ 5,59, apresentando alta de 1,35%.
Nesta quarta-feira (20/10), o Palácio do Planalto espera resolver o imbróglio em torno do auxílio no valor de R$ 400. De acordo com ministros, a solução passará pela inclusão de um dispositivo que visa viabilizar benefícios temporários da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, autorizando o pagamento das parcelas fora do teto de gastos.