O que dizem os marqueteiros sobre as eleições de 2022 em Goiás
Para Hamilton Carneiro e Marcus Vinicius Queiroz, não deve haver espaço para outra candidatura competitiva, além de Ronaldo Caiado e Gustavo Mendanha
À medida em que as eleições de 2022 ficam cada vez mais próximas, o jornal O Hoje ouviu dois marqueteiros, com ampla experiência em campanhas eleitorais, para tentar traçar cenários sobre a disputa em Goiás.
Tanto Hamilton Carneiro quanto Marcus Vinicius Queiroz ressaltam que ainda é cedo e muita coisa pode mudar. Mesmo assim, arriscaram alguns palpites.
Três candidaturas
No momento, as duas candidaturas mais competitivas são a do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), que tentará a reeleição, e a do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido).
Para Hamilton, é “muito difícil” que haja, em Goiás, espaço para uma terceira via nas eleições do ano que vem. Segundo ele, a tendência é mesmo de polarização entre Caiado e Mendanha.
Marcus Vinicius tem uma linha de raciocínio parecida. Ele argumenta que “não existe liderança para viabilizar uma outra candidatura competitiva” e afirma que, se algum outro grupo quiser desafiar Caiado, “o mais natural é que abrace o projeto de Mendanha”.
Aliança antecipada
Por outro lado, os dois marqueteiros têm visões diferentes sobre a aliança entre DEM e MDB, que, um ano antes das eleições, definiu o emedebista Daniel Vilela como candidato a vice-governador na chapa caiadista.
“Essa antecipação não é boa porque tirou a expectativa de muita gente e agora só há a vaga de senador para negociar”, ressalta Hamilton. “Toda candidatura com antecipação dá mais tempo para os adversários.”
A aliança antecipada, na avaliação de Marcus Vinicius, enfraqueceu a oposição. “O governador tem uma base muito forte, até porque um dos possíveis candidatos de oposição agora será seu candidato a vice. E Daniel traz a estrutura e capilaridade do MDB nos municípios.”
Oposição
Embora não tenha anunciado sua candidatura publicamente, Mendanha já articula nos bastidores, participa de reuniões no interior e está em busca de um partido para viabilizar sua chapa.
De acordo com Hamilton, o prefeito de Aparecida de Goiânia adota uma estratégia “muito cautelosa”. “Ele ainda deve esperar mais um pouco para definir o partido e observar com calma quais alianças fará”, pontua.
Já Marcus Vinicius, por sua vez, diz que não existe um posicionamento definido da oposição. “O que existe é um desgaste do PSDB e uma aposta na juventude de Mendanha, que ainda não tem base. Enquanto isso, o posicionamento de Caiado está mais amadurecido e isso é uma vantagem.”
Eleitorado
Na opinião de ambos, a pandemia de Covid-19 e a crise econômica devem ser os principais assuntos das eleições de 2022 e, consequentemente, pautarão o humor do eleitorado. O candidato vencedor, segundo eles, será aquele que conseguir representar os desejos da população sobre esses assuntos de forma mais eficaz.
Em relação à pandemia, a postura de Caiado, destaca Marcus Vinicius, rendeu frutos e críticas, mas mostrou que, apesar do desgaste econômico, foi eficiente na redução de infecções e mortes. “Por isso, ele sai na frente.”
Porém, na comparação com as eleições de 2018, há uma diferença importante, de acordo com Hamilton. “Com base nas pesquisas, todo mundo tinha quase certeza absoluta de que o Caiado seria o ganhador. Agora, ele tem o ônus do desgaste e perdeu o apoio do bolsonarismo, que o ajudou muito. Dá para dizer que 2022 está mais imprevisível.” (Especial para O Hoje)