Caso Bobbitt: Conheça a história da mulher que cortou o pênis do marido
“Eles queriam falar sobre o pênis dele, e não sobre a minha história”, disse Lorena Bobbitt.
Lorena Bobbitt foi beber água durante a madrugada de 23 de junho de 1993. No lugar da água, acabou pegando uma faca e, impulsivamente, voltou para o quarto onde o marido dormia, levantou o lençol e fez um corte rápido que tirou um pedaço do pênis de John Wayne Bobbitt.
John tinha chegado em casa bêbado e tinha novamente a estuprado. Cansada e sem ver uma solução, ela resolveu agir contra os quatro anos e quatro dias de violência doméstica, abusos e estupro marital que ela vinha sofrendo. Ainda atordoada, ela entrou no carro coberta de sangue e, ao longo do caminho, jogou o pedaço do órgão do marido pela janela. “Eu estava tentando dirigir, é claro, mas tinha essa coisa na mão, então eu não conseguia dirigir, aí me livrei dela”, contou.
“Dar uma de Bobbit”, “bobbitse”, se tornaram palavras comuns nos anos seguintes, quando o circo do julgamento começou e o caso se tornou conhecido em todo o Estados Unidos. “Eles queriam falar sobre o pênis dele, e não sobre a minha história”, disse Lorena em uma entrevista de 2016 ao jornal Huffington Post. “Talvez parecesse um reality show visto de fora, mas nós não éramos um elenco. Era vida real”.
Acordado e confuso, Jown tentou manter a calma e pressionar o local, enquanto chamava um amigo para levá-lo ao hospital. Foram horas de busca da polícia até que o pedaço que lhe faltava fosse encontrado na estrada e entregue em uma sacola de mercado ao cirurgião plástico Dr. David Berman, que conseguiu reconectar a parte do corpo com mais nove horas de operação.
O crime ganhou repercução nacional, e apesar de virar piada pelo corte inusitado, levantou questões sobre violência doméstica. Pelos estupros que vieram à tona, Jown Bobbit foi à julgamento e considerado inocente, apesar de ele ter alterado o seu depoimento em quatro ocasiões ao longo do julgamento. “Eles sempre se concentraram nisso [o pênis], disse Lorena – que hoje se chama Lorena Gallo. “Era como se todos tivessem esquecido ou não se importassem com os motivos pelos quais eu fiz aquilo”.
Processada pela castração, Lorena podia pegar até 20 anos de cadeia. No tribunal, pessoas vendiam camisetas com o slogan “o amor dói” e comidas em formato de pênis. Repórteres e curiosos se amontoavam para ver o resultado daquele crime. Sete horas depois, ela foi considerada vítima de alienação mental transitória, fruto do trauma provocado por John.
“Eu nunca quis machucar ninguém”, disse ela no julgamento. “Eu nunca machuquei ninguém antes. Só aconteceu”. Ela foi condenada a passar cinco semanas internada em um hospital psiquiátrico. Novamente casada e com uma filha, em 2009 Lorena abriu um centro para ajudar vítimas de violência doméstica.