Além do tempo: Abba anuncia retorno em formato virtual, mas com visual de 1980
Álbum “Voyage” e show em hologramas marcam o fim definitivo do grupo
As músicas da banda Abba, que acabou em 1982, viralizaram no aplicativo TikTok e acumulam milhões de curtidas. Seja por meio de transições, bastante famosas no aplicativo, com dicas, coreografias ou conteúdos aleatórios, todos tem como trilha sonora a música “A Man After Midnight”. Além dela, outros grandes sucessos estão entre as músicas preferidas dos usuários como “Mamma Mia”, “Dancing Queen”, “Money, Money, Money” e “Chiquitita”.
Mesmo que quatro décadas depois, os vídeos com músicas do Abba somam mais de 2 bilhões de visualizações, demonstrando a longevidade da obra do grupo. Na última sexta-feira (05/11), a banda fez um dos retornos mais improváveis do pop em todos os tempos, que, em 1982, anunciou uma pausa. O álbum “Voyage” foi lançado cheio de músicas inéditas, após quase quatro décadas ininterruptas de inatividade.
O novo projeto do grupo é marcado por vocais mais graves e, naturalmente, menos potentes, soando como uma continuação estética da banda. Guitarras com eco e sintetizadores que eram marca registrada nos anos 1980, vozes simultâneas de tom épico e a candura dos arranjos de cordas estão presentes no novo disco.
A grande mudança de 1982 para 2021 é a nova percepção em torno das músicas do Abba. A banda era formada por dois casais, Agnetha Fältskog e Björn Ulvaeus, e Benny Andersson e Anni-Frid Lyngstad, e acabou após o divórcio, entre 1979 e 1981. Ao mesmo tempo que o grupo era um sucesso de vendas, era uma piada para parte do público e da crítica. O Abba era visto como representantes de um pop plastificado e alienante, feito especialmente para as massas.
Em entrevista ao The Guardian, jornal britânico, Ulvaeus afirmou que era cafona gostar da banda. “Quando paramos de gravar, a sensação era de que o Abba estava acabado, que não haveria mais falatório em torno disso. Na verdade, estava morto. Era muito cafona gostar de Abba”.
Após o anúncio da pausa, a banda ficou quase quatro décadas fora dos palcos e estúdios, restando apenas as músicas atemporais. “Voyage” marcou o retorno da pausa, feito às sombras ao longo dos últimos anos. Com composições de Björn Ulvaeus e Benny Andersson, eles gravaram as músicas, e depois Agnetha Fältskog e Anni-Frid Lyngstad entraram com as vozes inconfundíveis.
O Abba criou uma conta no TikTok e anunciaram o retorno em setembro, com uma versão ao piano de “Dancing Queen” o hit virou desafio para coreografias, bombando na plataforma. Na época, o comunicado enviado à imprensa dizia que eles eram a banda mais requisitada para entrar no mundo do aplicativo.
O disco é composto por letras mais reflexivas e soam como se os ex-casais e amigos estivessem fazendo as pazes com o passado. É como se o quarteto assumisse a nostalgia, que não pertence somente a quem era jovem na década de 1970, mas aos filhos e netos, que continuam escutando “Dancing Queen” na rádio, streamings e no dia a dia.
Além disso, foi anunciado um show em hologramas que para o ano que vem, em Londres. O novo formato é uma maneira de permanecer longe da indústria fonográfica, algo evidente no discurso dos integrantes. As mulheres da banda toparam participar da volta caso não precisassem fazer turnês e dar entrevistas. Com o novo disco e os shows, é marcado definitivamente o fim do Abba, com uma despedida digna.