60 anos: conheça a trajetória política do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende
Por trás do nome de Iris Rezende existe nada menos que uma larga e brilhante trajetória política
Ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro, ex-deputado, ex-senador e ex-vereador, o emedebista Iris Rezende Machado foi, sem dúvidas, uma das personalidades mais importantes e emblemáticas do cenário político goianiense, goiano e brasileiro.
Natural de Cristianópolis, região Sudeste de Goiás, por trás do nome de Iris existe nada menos que uma larga e brilhante trajetória política. Nascido em 22 de dezembro de 1933, Rezende deu início à carreira política ainda jovem, aos 25 anos, no ano de 1959, quando foi eleito o vereador mais jovem e mais bem votado da história da capital.
De lá para cá foram mais de 60 anos mergulhados em uma vida pública pautada pelos mais diversos cargos e mandatos. Mais tarde, Iris se tornou deputado estadual — pelo então PSD, que seria extinto pela Ditadura Militar — na quinta Legislatura, de 1963-1967. Logo de início, foi líder do Governo Mauro Borges, em 1963 e 64. No biênio seguinte, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa.
Conforme rememorado pela Agência Assembleia de Notícias, na condição de presidente, em janeiro de 1965, comandou a eleição indireta do marechal Emílio Ribas Júnior a governador de Goiás, 1965-1966, e, logo depois, veio a cassação de Mauro Borges pela Ditadura Militar.
Concorrendo com o ex-governador José Ludovico, elegeu-se prefeito de Goiânia em 1965. Foi prefeito de 1965 a 1969, quando também foi cassado pela Ditadura Militar em 17 de outubro de 1969. Teve cassado seu mandato e seus direitos políticos suspensos por dez anos, pela Junta Militar que governava o País. Quando cassado, dedicou-se por dez anos à advocacia, como advogado criminalista, atuando no Serviço Jurídico Associado, com um grupo de colegas.
Na redemocratização, foi eleito governador do Estado, pelo então PMDB em 1982, com dois terços dos votos válidos, na maior votação já alcançada por um candidato a governador, até hoje não superada. Em 1986, último ano de seu mandato de governador, afastou-se do governo para assumir o Ministério da Agricultura, nomeado pelo então presidente José Sarney (PMDB).
Seria novamente eleito governador, em 1990. Governou de 1991 a 1994, quando se desincompatibilizou para candidatar-se ao Senado. Foi eleito senador em 1994 e licenciou-se do mandato para novamente virar ministro. Desta vez, assumiu o Ministério da Justiça, na presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Iris reassumiu seu mandato de senador em 1998 e se candidatou ao governo de Goiás pelo PMDB, na eleição em que Marconi Perillo (PSDB) foi pela primeira vez eleito governador. Em 2002 ainda perderia uma eleição para o Senado e seria derrotado para governador novamente em 2010 e 2014.
Numa volta às origens, foi eleito mais três vezes prefeito de Goiânia. Em 2004, 2008 e 2016. Nos três mandatos de prefeito, deixou o cargo com altos índices de popularidade. Em 2020, último ano de seu mandato como prefeito, anunciou aposentadoria da política.
De saída
Precisamente, em dezembro de 2020, Iris comunicou abertamente e oficialmente o encerramento de sua trajetória política de mais de 60 anos — especificamente 62. O mesmo foi feito em 2014, mas o prefeito acabou recuando embasado em um sentimento de “culpa” por ter renunciado à prefeitura na gestão anterior, em 2010.
Ao se despedir da vida pública, o então prefeito da capital agradeceu a todos os que participaram diretamente e indiretamente da construção de seu legado. Afirmou, na ocasião, estar deixando a política, porém sob o compromisso de continuar mantendo contato com os goianos.
“Não quero me distanciar de vocês. Não vou me candidatar mais, não vou ocupar cargo público mais, mas quero conviver com a população. (…) Vou ficar aqui atendendo no meu escritório. Estando em Goiânia, eu estou no escritório. Não vou fugir daqui não. Vou atendê-los quando tiverem saudade ou interesse em conversar comigo”, disse o emedebista à época.
Antes de comunicar publicamente a saída, Iris teria considerado a decisão amplamente amadurecida e, sobretudo, “definitiva”. E aproveitou para parafrasear o apóstolo Paulo ao comentar o assunto: “Que ao final da minha vida pública que se aproxima, possamos, juntos, proclamar a mensagem do apóstolo Paulo: ‘Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé’, com as bênçãos de Deus”.
Na esteira
O ex-prefeito da Capital faleceu quatro dias depois dos goianos enfrentarem a dor do luto pela morte da cantora e compositora goiana, Marília Mendonça, uma das cinco vítimas fatais de um acidente aéreo no último sábado. A goiana, natural de Cristianópolis — assim como Iris Rezende — foi velada no estádio Goiânia Arena que reuniu milhares de fãs para a despedida.
O emedebista, por sua vez, estava internado há mais de três meses. Ele se recuperava de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorrido no último dia 6 de agosto, data em que, além de passar por cirurgia, também foi entubado pela primeira vez.
Em 21 do mesmo mês, Iris teve uma convulsão e arritmia cardíaca e precisou voltar para a UTI. Dez dias depois foi transferido para tratamento no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde permaneceu sob observação até seu falecimento, por volta das 00h30 da última terça-feira (09/11).