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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
De portas fechadas

Comércio varejista enfrenta fechamento de lojas de rua na Capital

Setor é o maior de Goiânia, mas até setembro de 2024, houve uma queda de 17% na quantidade total de empresas abertas na cidade

Postado em 19 de setembro de 2024 por Thais Teixeira
Considerando empresas físicas, digitais e mistas, a Capital possui mais de 260 mil empresas ativas no comércio
Considerando empresas físicas, digitais e mistas, a Capital possui mais de 260 mil empresas ativas no comércio | Foto: Fernando Frazão/ABr

O desenvolvimento de estabelecimentos comerciais em Goiânia é essencial para a economia da região, pois traz benefícios tanto para os compradores quanto para os comerciantes. As lojas físicas possibilitam a conexão direta entre consumidores e mercadorias, proporcionando uma experiência de compra mais concreta. Isso se torna fundamental em uma cidade em constante crescimento como Goiânia, onde a presença física dos comércios colabora para o progresso dos bairros e polos comerciais.

Além disso, o comércio varejista local ajuda a gerar empregos e a fomentar o empreendedorismo, fortalecendo a economia regional e promovendo a diversidade de opções para os consumidores. A interação face a face também melhora a confiança do consumidor e a fidelização, criando uma rede de suporte e crescimento econômico sustentável.

Entretanto, em maio de 2023, o Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO) divulgou que cinco em cada dois comércios de ruas estavam fechados. O levantamento mostrava que dentre as 4.532 lojas físicas, 2.043 haviam encerrado as suas atividades.

Em entrevista ao O HOJE, o Sindilojas expôs que atualmente esse cenário não é muito diferente. “Essa proporção não mudou muito de lá para cá. É certo que a inflação está mais controlada e que as taxas de juros estacionaram, mas outros fatores como a dificuldade de acesso a linhas de crédito e a alta carga tributária segue dificultando a vida dos empresários”, pontuou Cristiano Caixeta, presidente do órgão.

Para Caixeta, além da pandemia, fatores como o atraso nas obras do BRT, a falta de revitalizações no centro, e parte das vezes pouco investimento em incentivos fiscais colaboraram para a permanência das lojas físicas fechadas.

“Tivemos a pandemia, que provocou a interrupção das atividades do comércio; o atraso na entrega do BRT, que espantou muitos consumidores das lojas próximas aos canteiros de obras; a falta de investimentos na revitalização do Centro, que hoje sofre para cativar novos frequentadores; e um período de incerteza política e econômica. Isso tudo, somado à alta carga tributária, deixou muitos empresários de mãos atadas, sem outra alternativa a não ser encerrar as atividades de suas empresas”, declarou Caixeta.

De acordo com o Sindilojas, as regiões do Centro, Campinas e da Bernardo Sayão foram os locais que registraram um maior número de fechamento de lojas. O sindicato também informou que a estimativa é de que  o fechamento das lojas de rua tenha provocado uma perda de R$200 milhões anuais na economia de Goiânia. A projeção é de que foram extintos aproximadamente 15 mil postos de trabalho.

Cristiano Caixeta explicou que medidas estão sendo cobradas do poder público para fomentar as empresas já abertas e impulsionar a abertura de novos comércios, fazendo reaquecer assim o setor varejista em Goiânia.

“Estamos dialogando e cobrando do poder público medidas efetivas para fomentar o desenvolvimento das empresas ativas atualmente e estimular a abertura de novos negócios, buscando, assim, reaquecer a atividade do comércio varejista na capital e aprimorar o atendimento ao consumidor, com cursos de qualificação para os comerciários”, enunciou Cristiano.

Comércio varejista é o maior segmento de Goiânia

O Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que desde 2019 o número de empresas em Goiânia vem crescendo, vale ressaltar que os dados divulgados não separam as empresas físicas, digitais e mistas. Considerando todos os ramos em geral, Goiânia possui 267 mil empresas ativas. Em 2019, por exemplo, a quantidade de empresas abertas na capital era de 161.800, segundo o Sebrae, a idade média das empresas ativas é de 6,5 anos. 

Em entrevista, o economista Ricardo Alves destacou a importância do crescimento das empresas como um sinal positivo para a economia local. “Esse crescimento é um indicativo de que os goianos estão investindo em seus próprios negócios, o que pode impulsionar a geração de empregos e o desenvolvimento econômico da região”, afirmou. 

O órgão ainda divulgou que até o momento 40 mil empresas já foram abertas em Goiânia em 2024, em setores variados. Em relação ao número de empresas comerciais foi informado que existem 107.165, número que em 2019 era 67.235. A idade média das empresas comerciais é de 6,8 anos. 

Cristiano acredita ainda que a abertura de linhas de crédito com taxas de juros menores para financiamento das empresas já daria um fôlego significativo ao varejo. “Estamos monitorando, claro, a regulamentação da Reforma Tributária para tentar frear qualquer iniciativa prejudicial à saúde financeira das lojas do comércio varejista”, finalizou Caixeta.

Em relação a quantidade de comércios abertos anualmente, até o momento a capital já registrou 12.593, número que em 2019 era de 14.546. Analisando a concentração de empresas abertas anualmente, o setor comercial só registrou queda em 2022 em decorrência dos impactos da pandemia. 

Por outro lado, o economista alertou para a necessidade de políticas públicas que apoiem esses novos empreendimentos. “Muitas das novas empresas têm uma idade média de apenas 6,5 anos, o que indica que elas ainda estão em fase de adaptação e crescimento. Sem um apoio adequado, o risco de fechamento é elevado”, concluiu.

Na ocasião a queda foi de aproximadamente 7% conforme demonstrou o Sebrae, quando o número passou de 16.356 em 2021 para 15.246 em 2022. Segundo a entidade, o comércio varejista representa 69% do total  das empresas de comércio em pleno funcionamento em Goiânia.

Os principais segmentos são:

  • Comércio varejista de produtos novos não especificados anteriormente e de produtos usados (27%)
  • Comércio varejista de equipamentos de informática e comunicação, equipamentos e artigos de uso doméstico (12%)
  • Comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (11%)
  • Manutenção e reparação de veículos automotores (8%)
  • Comércio de peças e acessórios para veículos automotores (7%)
  • Comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (6%)
  • Comércio varejista de material de construção (5%)
  • Comércio varejista não especializado (5%)

Fonte: Sebrae Goiás 

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