Viagem de turistas ao espaço proporciona fotos incríveis e controvérsia por risco ambiental; entenda
A SpaceX divulgou imagens da primeira vez na história que “não astronautas” viajaram ao espaço, mas popularização das viagens pode representar um risco ao planeta
Quase dois meses após o retorno à Terra, a SpaceX divulgou fotos em alta resolução do planeta tiradas pelos turistas da missão. A missão, Inspiration4, foi a primeira vez na história que “não astronautas” foram treinados para sobreviver no espaço. Em três dias, os viajantes completaram 45 voltas ao redor da terra em uma velocidade de de 27.000 quilômetros km por hora.
As imagens aumentam a curiosidade e até mesmo o desejo de realizar uma viagem espacial turística, uma prática que tem a tendência de se popularizar – pelo menos entre milionários. De acordo com uma matéria do jornal britânico The Guardian, pessoas já estão adquirindo passagens para viajar ao espaço. Companhias como a supracitada SpaceX, a Virgin Galactic e a Space Adventures querem tornar esse tipo de viagem algo comum.
No entanto, o lançamento de foguetes pode representar um custo alto para o meio ambiente. Ao The Guardian, a professora de Geografia Física da University College London, Eloise Marais, falou dos riscos que a popularização de viagens espaciais pode trazes, especialmente pela emissão de gases de efeito estufa.
Ela lembra que as emissões de carbono por foguetes são pequenas se comparadas com a indústria de aeronaves, mas apresentam um crescimento de quase 5,6% ao ano. “Para um voo de avião de longo curso, são emitidas até três toneladas de dióxido de carbono [por passageiro]. O lançamento de um foguete, por sua vez, produz cerca de 200 a 300 toneladas para uma média de quatro passageiros. Portanto, não é necessário crescer muito mais para competir com outras fontes”, explica.
Além disso, essas emissões lançadas na alta atmosfera permanecem ali por dois a três anos. Marais explicou que mesmo a água, uma substância aparentemente inofensiva, pode contribuir para agravar o aquecimento global quando injetada na alta atmosfera, onde pode formar nuvens.
“Nós simplesmente não sabemos o quão grande pode se tornar a indústria do turismo espacial”, diz Marais. A professora destaca que, atualmente, não há regras internacionais sobre os tipos de combustíveis usados, nem tampouco regulação sobre seus impactos no meio ambiente. Para ela, além de ter cautela, é importante começar a agir agora, enquanto os bilionários ainda estão comprando suas passagens.
Outro fator a ser considerado, e que leva a questionar a moralidade dessas viagens, é que o dinheiro investido por bilionários na tecnologia espacial poderia ser usado para tornar a vida melhor na Terra, onde incêndios florestais, ondas de calor e outros desastres acarretados pela mudança climática estão se tornando cada vez mais frequentes.