Prévias racham PSDB em Goiás, mas não devem causar debandada
João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio disputam, neste domingo (21), a preferência dos tucanos para as eleições de 2022. Na foto, José Eliton e Marconi Perillo ficam em lados opostos na escolha do candidato à presidência pelo PSDB
O PSDB se prepara para as prévias, marcadas para este domingo (21), que decidirão o nome do partido na disputa presidencial de 2022. Estão no páreo os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, considerados favoritos, além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que corre por fora.
Recheadas de acusações entre os adversários e polêmicas sobre o aplicativo responsável pela votação, as prévias tucanas podem, a depender do resultado, causar um racha no partido, inclusive entre nomes históricos.
Há uma forte tendência de que o deputado federal mineiro Aécio Neves e o ex-governador de São Geraldo Alckmin, dois ex-candidatos do PSDB a presidente, em 2006 e 2014, respectivamente, deixem o partido em caso de vitória de Doria, com quem acumularam desentendimentos nos últimos tempos.
Aécio, que tentará a reeleição à Câmara dos Deputados, está próximo do Progressistas (PP). Por sua vez, Alckmin, cotado para concorrer a governador de São Paulo ou a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT) ao Palácio do Planalto, dialoga com PSB e PSD. Se Leite vencer as prévias, porém, ambos podem permanecer no PSDB.
Em Goiás, as principais lideranças do partido estão rachadas. O ex-governador Marconi Perillo já declarou voto em Doria, seu amigo pessoal. Enquanto isso, o também ex-governador José Eliton se posicionou a favor de Leite.
Contudo, o jornal O Hoje apurou que, independentemente de quem vencer as prévias, o PSDB goiano seguirá unido e não terá problemas em apoiar Doria ou Leite para presidente no ano que vem.
O racha, de acordo com um tucano influente ouvido pela reportagem, é algo do momento e, diferentemente de outros estados, o PSDB de Goiás não deve sofrer debandadas por causa do resultado das prévias.
Por outro lado, as dissidências de alguns tucanos goianos são dadas como certas, mas por um motivo diferente. O deputado federal Célio Silveira e os deputados estaduais Talles Barreto e Francisco Oliveira deixarão o PSDB porque migraram para a base do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).
Para 2022, o PSDB tem demonstrado interesse em lançar uma candidatura própria ao governo de Goiás em oposição a Caiado. No momento, Marconi é o plano principal, mas ele também pode disputar o cargo de deputado federal ou senador. De qualquer forma, mesmo se não tiver candidato, os tucanos estarão contra o atual governo.
Exemplo?
Os partidos políticos brasileiros não estão acostumados ao mecanismo de realizar prévias para definir suas candidaturas, pelo menos não na mesma proporção como as que o PSDB está fazendo.
Em outros países, é algo mais frequente. Provavelmente o exemplo mais conhecido é o dos Estados Unidos. Lá, brigas internas entre democratas e republicanos são comuns durante esse processo. Nas eleições gerais, entretanto, a união tende a prevalecer, embora haja uma ou outra exceção.
As prévias do PSDB, de fato, têm os seus problemas, que não se limitam aos duros embates entre Doria e Leite e à votação por aplicativo. Talvez a maior falha, especialmente do ponto de vista democrático, seja a baixa participação dos filiados.Apesar disso, espera-se que as prévias tucanas sirvam de exemplo para outros partidos aprimorarem o método de escolha dos candidatos, ouvindo mais os seus membros e realizando debates fora da época de campanha oficial. (Especial para O Hoje)