Quem leva os 168 mil votos da esquerda? Fred ou Mabel?
Distribuição dos votos de Adriana Accorsi (PT) será decisiva e a dificuldade de Fred em conquistar eleitores de centro e esquerda, coloca sua liderança em risco.
Com o resultado do primeiro turno definido, as campanhas de Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (UB) agora concentram seus esforços em garantir alianças para a disputa do segundo turno pela prefeitura de Goiânia. A capital contou com sete candidatos a prefeito no primeiro turno, com Fred Rodrigues conquistando 31,14% dos votos válidos e Sandro Mabel somando 27,66%.
Adriana Accorsi (PT), com 24,44%, ficou em terceiro lugar, tornando-se peça central nas articulações, já que seu apoio pode influenciar o resultado final.
O desafio maior está com Fred Rodrigues, candidato bolsonarista, que enfrenta dificuldades em conquistar eleitores de esquerda. O apoio de Adriana Accorsi, que recebeu 168.145 votos, é improvável para Fred, uma vez que o eleitorado petista tem forte resistência a candidatos de direita. Isso coloca Sandro Mabel em uma posição vantajosa para angariar os votos da terceira colocada.
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Além disso, a soma dos votos dos três últimos colocados — Matheus Ribeiro (PSDB), com 46.875 votos (6,81%); Vanderlan Cardoso (PSD), com 45.186 votos (6,57%); Rogério Cruz (Solidariedade), com 21.616 votos (3,14%) — não atinge a quantidade de votos de Accorsi. Isso evidencia a força do PT no primeiro turno e a situação delicada de Fred Rodrigues, que precisará ampliar seu leque de apoio.
O próprio governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), aliado de Sandro Mabel, destacou sua disposição para conversar com todos os setores, inclusive o PT, sugerindo que a política no segundo turno é baseada em alianças. “Converso com todo mundo”, disse Caiado.
Essa postura pode ser favorável a Mabel, que, ao contrário de Fred Rodrigues, tem mais flexibilidade para atrair eleitores de centro e esquerda, ampliando sua base para a próxima fase da disputa.
Neutralidade de Matheus Ribeiro e indefinição de Vanderlan
Entre os demais candidatos do primeiro turno, Matheus Ribeiro (PSDB), quarto colocado, tende a adotar uma postura de neutralidade, segundo um assessor próximo. Para ele, os embates com Fred Rodrigues durante os debates dificultam uma possível aliança com o candidato do PL.
Além disso, o presidente nacional do PSDB, ex-governador Marconi Perillo, é adversário de Ronaldo Caiado, o que coloca Ribeiro em uma posição delicada para declarar qualquer apoio.
Já Vanderlan Cardoso (PSD), quinto colocado, ainda não definiu quem irá apoiar. A expectativa é que ele consulte as lideranças políticas do partido antes de anunciar sua decisão.
Expectativas das campanhas
A equipe de Sandro Mabel se mantém otimista. A estratégia é captar votos dos eleitores de Adriana Accorsi, Vanderlan Cardoso, Matheus Ribeiro e Rogério Cruz, mesmo sem fechar acordos partidários formais. Segundo um assessor, Mabel pretende ampliar seu diálogo com o eleitorado que optou por outros candidatos no primeiro turno.
Fred Rodrigues, por outro lado, descartou qualquer possibilidade de aliança com o PT, mas mantém a porta aberta para acordos com outros candidatos. “Todos são bem-vindos”, afirmou Rodrigues, que busca consolidar sua posição entre os eleitores de direita e atrair indecisos.
Análise dos cenários
Com Fred Rodrigues à frente no primeiro turno, mas com uma vantagem apertada sobre Sandro Mabel, o segundo turno promete ser imprevisível. A distribuição dos votos de Adriana Accorsi será um fator decisivo, e a dificuldade de Fred em conquistar eleitores de centro e esquerda coloca sua liderança em risco.