Ciclistas denunciam falta de infraestrutura e fiscalização nas ciclovias de Goiânia
Andar de bicicleta em Goiânia tem se tornado cada vez mais difícil, devido ao desrespeito dos motoristas e a falta de infraestrutura
Por Alexandre Paes e Maria Paula Borges
Utilizar a bicicleta como meio de deslocamento é algo cada vez mais comum, não só devido à pandemia, mas também aos altos preços dos combustíveis. Porém, nem todo mundo conhece as vias, faixas e rotas para ciclistas que existem na capital. Menos ainda, as funções de ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas.
Muitas famílias e amigos se reúnem diariamente ou mesmo nos fins de semana para dar um giro pela cidade, apreciando as paisagens do centro urbano e praticando um esporte considerado muito saudável. Mas nem tudo é tão belo, e andar de bicicleta em Goiânia tem se tornado cada vez mais difícil, devido ao desrespeito dos motoristas e a falta de infraestrutura.
Mesmo em meio a estes riscos, João Paulo Borges diz que o grande problema hoje dentro do ciclismo na capital é o desrespeito. “A gente presencia e passa por situações de xingamento todos os dias, por que muitos motoristas não veem os ciclistas como parte do trânsito”, afirmou o engenheiro Mecânico que já pratica o ciclismo como atividade de lazer há 2 anos.
Entretanto, Camilo Novaes, que faz parte do grupo Pedal Juriti, disse que evidencia a falta de fiscalização, uma vez que os motoristas desrespeitam os ciclistas. “Já presenciei um acidente, que o motociclista avançou o cruzamento e pegou o rapaz que estava de bike. Ele não se machucou muito, mas acabou ficando com ferimentos e deixou de rodar na cidade devido à falta de respeito e medo de se acidentar novamente”, contou.
Frederico Ferreira passou a usar sua bicicleta como meio de transporte e lazer há cerca de 2 anos, e concorda com Camilo, afirmando que além da falta de infraestrutura, não há conscientização e incentivo à prática do ciclismo numa capital tão grande quanto Goiânia.
“Mesmo tendo uma boa sinalização, você nunca vê nenhuma atitude do município. É complicado saber que estou me arriscando, mas infelizmente é a única forma da gente conseguir notoriedade para que os órgãos municipais percebam que necessitamos de mais espaço e segurança para nos locomover e rodar pela cidade de bike”, reclama o ciclista.
Além daqueles que utilizam a bicicleta como meio de transporte, também tem famílias que se reúnem para praticar essa atividade de lazer. A família de Fabricio Costa anda todos os finais de semana pela Avenida 85, região central da capital, e ele conta sobre fatos que já viu acontecer, e destaca que tem medo de levar suas filhas.
“Existe muito desrespeito por parte dos motoristas que estacionam e não respeitam a sinalização. Grande parte das vezes preferimos nem trazer nossas filhas [de 7 e 11 anos] conosco por receio de ocorrer algum acidente, devido os motoristas “desorientados” que passam raspando do nosso lado, mesmo estando dentro das ciclofaixas” pontuou o engenheiro.
João Paulo disse que para melhorar seria necessário mais investimento, fiscalização e motivação por parte dos líderes municipais, e que só assim pode-se ter mais tranquilidade para trafegar de bicicleta.
“Não dá para confiar que estamos seguros andando dentro das ciclovias e ciclofaixas. A gente sai de casa e sabe que está correndo risco o tempo todo, e quem mais sofre as consequências somos nós que estamos em cima da bicicleta”.
Goiânia conta com 90 km de malha cicloviária
Segundo o gerente de educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Ferreira, em Goiânia, existem aproximadamente 90 km de malha cicloviária implantadas. Considerando o total, Horácio diz que a fiscalização acontece diariamente.
“Nós fiscalizamos as ciclovias e ciclofaixas em Goiânia diariamente, de acordo com a legislação de cada uma. Então, nos finais de semana, onde nós temos as ciclofaixas de uso exclusivo de bicicletas para os finais de semana e feriados, os agentes de trânsito já estão fazendo a fiscalização no horário que é determinado pela legislação”, afirma Horácio Ferreira.
Devido a fiscalização, o gerente de educação da SMM afirma que quando há reclamações de ciclistas é após o período. “Há [reclamações] quando nós saímos do local onde acaba alguém voltando ou estacionando de forma irregular, mas como nós estamos presentes todos os finais de semana e feriados fiscalizando as ciclovias, ciclofaixas, eles já sabem que nós fazemos a fiscalização”, completa.
Ainda de acordo com o gerente de educação para o trânsito, a fiscalização é feita pelo agente de trânsito que, ao chegar na ciclovia, verifica o carro e constata a infração, fazendo com que o motorista seja autuado e o veículo retirado do local.
Com objetivo de garantir a segurança do ciclista, Horácio Ferreira reforça que a fiscalização é feita sempre que necessário, sem horário fixo. “Para os agentes de trânsito da SMM, a fiscalização de ciclofaixas e ciclovias são de rotina”.
Saúde, esporte e lazer: benefícios do ciclismo
Por Ícaro Gonçalves
Para aqueles cansados dos engarrafamentos do trânsito, mas que ainda não se convenceram dos benefícios de aderir à bicicleta como meio de transporte habitual, aqui vão alguns pontos que podem ajudar nessa tomada de decisão.
Em primeiro lugar, há o contato com a natureza. A maior parte das ciclovias ou ciclofaixas de Goiânia fazem conexão entre diferentes parques ou praças, como a que conecta a Praça Universitária ao Zoológico, passando pela Praça Cívica, Bosque dos Buritis, e Praça Tamandaré. Tal contato pode melhorar aspectos da nossa saúde, principalmente a mental.
O que remete ao segundo ponto, a redução do estresse e ansiedade. Os congestionamentos são comuns nos bairros movimentados, o que contribui para o aumento do estresse nos motoristas. Em contrapartida, nas ciclovias o caminho está sempre livre. Assim, o ciclismo é relatado por muitos praticantes como responsável por reduzir o estresse, comum na volta para casa nos horários de pico.
Há também aqueles que veem como vantagem a possibilidade de fazer exercícios físicos nos trajetos diários. Enquanto os exercícios em uma academia podem ser monótonos e repetitivos, o ciclismo ao ar livre, com recepção de luz natural, traz bem-estar e maior ânimo.
Por fim, existe a economia de combustível. Nesse período de inflação em alta e com o litro da gasolina chegando próximo a R$ 7, a bicicleta desponta ainda mais como uma opção barata e recomendável, com baixo custo de manutenção.
A conta fica mais favorável ao colocar na ponta do lápis os gastos evitados ao pedalar e dispensar o carro: os custos diretos (combustível, IPVA, seguro, estacionamento e multas) e os custos indiretos (por exemplo, médico, nutricionista e academia de ginástica).