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sábado, 23 de novembro de 2024
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Epidemia

Goiânia decreta situação de emergência em saúde pública por conta da dengue

Capital segue sendo a cidade com a maior incidência de casos da doença no Brasil, com 27 mil casos

Postado em 19 de abril de 2022 por Redação

Por Ítallo Antkiewicz e Maiara Dal Bosco

Município brasileiro com o maior número de casos confirmados de dengue, Goiânia decretou situação de emergência em saúde pública em decorrência da epidemia de dengue, bem como em decorrência da alta incidência de casos de Zika, Chikungunya e febre amarela, durante 180 dias. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado ontem (18) pelo Ministério da Saúde (MS), Goiânia apresentou o maior registro de casos prováveis de dengue, com 27.006 casos, o que representa uma incidência de 1.736 casos a cada 100 mil habitantes. 

Agora, com o decreto publicado, e objetivando evitar que o déficit atual no Quadro de Pessoal Permanente do Município de Goiânia afete a prestação de serviços à população em decorrência da epidemia de dengue, fica autorizada a contratação temporária bem como a manutenção dos contratos temporários vigentes. 

A Prefeitura destaca que a situação de emergência é entendida pela caracterização de urgência na ampliação das ações preventivas e de combate ao vetor transmissor Aedes aegypti, em especial a aquisição pública de insumos e materiais e a contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação anormal. 

Situação epidemiológica

Segundo dados do MS, até a semana epidemiológica 14, ocorreram 393.967 casos prováveis de dengue – taxa de incidência de 184,7 casos por 100 mil habitantes – no Brasil. Em comparação com o ano de 2021, houve um aumento de 95,2 % de casos registrados para o mesmo período analisado. A Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa incidência de dengue, com 732,6 casos/100 mil habitantes, seguida das regiões Sul, Norte, Sudeste e Nordeste.  

O boletim epidemiológico destaca ainda que, até a semana epidemiológica 14, foram confirmados 280 casos de dengue grave (DG) e 3.473 casos de dengue com sinais de alarme (DSA). Ressalta-se que 271 casos de DG e DAS permanecem em investigação. Até o momento, foram confirmados 112 óbitos por dengue, sendo 103 por critério laboratorial e nove por critério clínico epidemiológico. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram São Paulo (38), Goiás (17), Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais. 

Testagem 

O número de casos de dengue no Brasil aumentou 95% no Brasil até agora em 2022, no comparativo com o mesmo período de 2021, apontam dados do MS. Os dados da pasta vão ao encontro do levantamento realizado pela Dasa, rede de saúde integrada do Brasil, que identificou um aumento expressivo nos casos de dengue em Goiás, desde o início de janeiro até a segunda quinzena de março de 2022, também no comparativo com 2021. 

O levantamento mostrou ainda que o aumento mais expressivo no período foi em Goiás, onde houve um crescimento nos testes com resultados positivos de 562%. Em seguida, estão os estados do Rio de Janeiro, do Distrito Federal e do Paraná. Em algumas praças, também houve aumento no volume de testes para dengue. O maior disparo de exames foi em Goiás, com crescimento de 500% de janeiro até a segunda quinzena de março, em relação ao mesmo período do ano passado, seguido pelo Distrito Federal e pelo Paraná.  

Infectologista da Dasa, Alberto Chebabo explica que o aumento expressivo dos casos da doença desperta apreensão. “A dengue é uma preocupação para esse ano e para o próximo verão. Medidas de controle do vetor foram abandonadas e a transmissão tem se mostrado intensa em várias regiões do país”, diz o médico.

Período chuvoso 

Já o infectologista Marcelo Daher esclarece que a entrada e circulação dos sorotipos 1 e 2 em uma população que ainda não se infectou é um dos fatores responsáveis pelo aumento dos casos de dengue. “Existem quatro tipos de dengue. Todos podem evoluir de maneira mais leve ou mais grave”, explica.

O especialista destaca que, neste ano, a estação chuvosa foi mais prolongada, o que permitiu a formação de mais criadouros do aedes aegypti. “Ainda vamos ter muitos casos de dengue, pois está muito quente e úmido, o que ajuda na proliferação do mosquito. A pandemia da Covid-19, com o fato das pessoas não terem se deslocado muito, somado com um período de estiagem contribuiu para a redução dos casos de dengue nos últimos dois anos”, afirma o infectologista.

De acordo com Daher, a preocupação principal gira em torno de dois aspectos: o sorotipo 2 e as pessoas que já pegaram dengue pelo menos uma vez. “O sorotipo 2, que temos visto circular bastante aqui, possui uma fisiopatologia que torna ele responsável por casos mais graves. Além disso, existe uma preocupação com as pessoas que já se infectaram uma vez, pois elas não estão protegidas dos demais sorotipos e existe uma chance maior de elas terem gravidade caso adoeçam novamente”, ressalta.

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