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sábado, 23 de novembro de 2024
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Denúncia

Mães e irmãs de presos são obrigadas a fazer sexo como pagamento de dívida na Papuda; Ministério diz que vai investigar

Segundo as denúncias, as relações ocorrem nas celas dedicadas às visitas íntimas ou até mesmo nos banheiros do pátio.

Postado em 31 de maio de 2022 por Ícaro Gonçalves

Nesta terça-feira (31/5), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que vai auxiliar nas investigações sobre um esquema no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, onde mulheres parentes de presos são obrigadas a manter relações sexuais com outros detentos para pagar dívidas de familiares no sistema prisional.

Segundo a pasta, foi designada uma equipe formada pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Secretaria Nacional de Proteção Global e Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, para acompanhar os fatos e reforçar ações de enfrentamento às violações e amparo às vítimas junto ao Ministério Público, ao Governo do Distrito Federal, à Direção da Unidade Penitenciária, ao Tribunal de Justiça, ao Departamento Penitenciário Nacional, ao Conselho Nacional do Ministério Público, à Defensoria Pública e ao Conselho Nacional de Justiça.

“A notícia demonstra, mais uma vez, que a violência contra a mulher deve ser combatida nos mais diversos espaços”, reforçou o ministério, em nota enviada ao portal Uol.

Sexo como pagamento

O esquema foi revelado em reportagem do site Metrópoles, no sábado (28). Segundo a reportagem e as denúncias ouvidas, o esquema tinha início nos dias de visita, quando traficantes se interessariam por mulheres que têm parentesco com detentos no sistema.

“Eles reparam que um apenado tem uma irmã bonita, ou mãe que chama a atenção, e passam a aliciá-lo. Oferecem algumas facilidades dentro da prisão, que pode ser até mesmo a compra de um lanche melhor na cantina. O objetivo é fazer com que esse interno fique em dívida. Na maioria das vezes, esses presos não conseguem pagar e são coagidos a levar essas mulheres para ter encontros íntimos com outros internos”, disse um policial penal, ouvido pela reportagem.

De acordo com o site, as relações ocorrem nas celas dedicadas às visitas íntimas ou até mesmo nos banheiros do pátio.

“Para ter acesso ao chamado ‘parlatório’ (local onde ocorre a visita íntima), os internos precisam comprovar que têm relacionamento estável ou são casados. Esse controle acaba inibindo alguns encarcerados, que preferem transar dentro dos banheiros, pois sabem que, em regra, não podemos entrar”, contou outro trabalhador do complexo penitenciário.

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