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sábado, 23 de novembro de 2024
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Congestionamento

Baixa velocidade do transporte público aumenta trânsito na Capital

Dos 2.750 km de vias utilizadas pelos coletivos em Goiânia, apenas 122 km são exclusivos e outros 134 km são preferenciais

Postado em 7 de junho de 2022 por Sabrina Vilela

A baixa cobertura de vias com corredores exclusivos e/ou prioritários para o transporte coletivo na Capital faz com que o tempo de espera dos usuários seja longo e a velocidade média dos ônibus venha reduzindo ao longo dos anos. A demora para entrega de obras, como a do BRT, que teve início em 2015, piora a fluidez do trânsito devido às intervenções. Dos 2.750 km de vias utilizadas pelos coletivos em Goiânia, apenas 122 km são exclusivos e outros 134 km são preferenciais. 

Se por um lado a frota de carros e motos na cidade se multiplicam e se acumulam nas vias, os ônibus vão perdendo tempo, espaço e velocidade nas vias. Em 2008, a velocidade média dos coletivos era de 16,90 km/h. Quatorze anos após o estudo  do Consórcio RedeMob, a queda foi de quase 32% e os ônibus rodam hoje, a uma velocidade média de 12km/h.

Uma das principais linhas da rede de Goiânia 027, que liga o Terminal Bandeiras, no Jardim Europa, na região Suldoeste, ao terminal da Praça da Bíblia, roda a uma velocidade inferior a 10 km/h. O trecho mais complicado da via é durante a passagem pela Av. Assis Chateubriand entre o setor Oeste e o Bueno (com 1,800km de extensão). Sem um corredor prioritário, a linha sofre com constantes atrasos e lotação.

Quando a análise recai sobre os corredores preferenciais e exclusivos de ônibus na Capital, a situação fica ainda pior. A velocidade operacional dos ônibus em dois dos mais novos corredores implantados na cidade – Eixos T-63 e 85 – que entraram no levantamento do consórcio são inferiores a 10 quilômetros por hora no pico da tarde. No Eixo Universitário, onde a velocidade operacional é a mais alta no pico da tarde, chega a apenas 12,68 quilômetros por hora.

A baixa velocidade nos eixos exclusivos e preferenciais puxa a média da velocidade operacional do transporte coletivo para baixo. Os corredores foram pensados para diminuir a interferência dos veículos particulares nos trajetos realizados pelos ônibus, e promover o aumento da velocidade operacional e redução do tempo das viagens. A preferência para o tráfego de ônibus à direita não é suficiente para garantir a fluidez do tráfego e a velocidade dos ônibus só diminui com o passar do tempo.

A CMTC informa que na Av. 85 trafegam 13 (treze) linhas e a média diária das mesmas é de 2.241 passageiros, com uma extensão de aproximadamente 3,27km.

Foto: Pedro Pinheiro

Congestionamento aumenta custos

De acordo com o Presidente do Mova-se Fórum de Mobilidade de Goiânia, Miguel Ângelo Pricinote,  atualmente, os principais responsáveis pelo aumento do custo operacional da circulação de ônibus no Brasil são os congestionamentos, pois estes atingem diretamente dois fatores que encarecem o transporte coletivo: o óleo diesel, responsável por 25% dos custos, e os veículos, que representam 20% aproximadamente. “Este cenário ocorre, pois quanto mais tempo uma frota passa no tráfego, maiores são os seus atrasos, o que faz com que um número de veículos suficientes para suprir a demanda seja alto”, aponta.

De acordo com a Redemob, a frota do transporte na região conta com 1.010 veículos e mais de 400 mil passageiros utilizam o transporte público. 

Pricinote argumenta ainda que os atrasos para a entrega das obras do BRT piora a mobilidade urbana na Capital. “O atraso gerou degradação no tempo de viagem principalmente na Av. Goiás e rua 90. Antes o ônibus andava em via segregada e teve que ir para o fluxo comum”. 

Para ele não existe uma porcentagem ideal para vias exclusivas para ônibus, mas que todos os principais corredores de transporte coletivo tivessem pelo menos uma faixa preferencial.

“Para os motoristas do transporte individual o trânsito fluiria melhor uma vez que o aumento na velocidade do transporte coletivo promove a migração de pessoas para o ônibus, diminuindo assim o número de carros na via.Existe um mito que os corredores atrapalham o trânsito ao retirar uma faixa de rolamento do público em geral, mas isto não é verdade pois na maioria dos casos esta faixa (a da direita) já vem sendo ocupada por veículos estacionados”, esclarece.

Foto: Pedro Pinheiro

Transporte de qualidade reduz número de veículos nas ruas

Com respeito a relação entre a priorização dos transportes individuais para a piora no trânsito tendo em vista o aumento de acidentes e mais engarrafamentos, Miguel Ângelo conta que “a maior contribuição do transporte público é que com o aumento na qualidade dos ônibus e com isto a melhor atratividade do transporte público, menos carros são conduzidos, reduzindo seus efeitos nocivos na sociedade relacionados a degradação do meio ambiente e o aumento aquecimento global, e devoram enormes quantidades de espaço para dirigi-los e armazená-los”, conta o especialista que defende o uso de transporte individual com consciência. 

Para ele, a relação da piora do trânsito com o sucateamento do transporte coletivo é que foi uma intervenção direta. “Houve queda na velocidade operacional dos ônibus, como por exemplo, em 2008, mil ônibus conseguiam fazer 10 mil viagens ao longo de um dia útil. A mesma frota atualmente só consegue fazer somente 700 viagens ao longo do dia. Então para manter a mesma oferta de horários deveria ser incrementado na operação outros 300 ônibus, resultando assim num acréscimo de 42,85% na frota. Tal improdutividade leva ao aumento nos custos e potencialmente o valor da tarifa”. 

Segundo o presidente do  Mova-se Fórum de Mobilidade de Goiânia, as melhorias que poderiam ser colocadas em prática para o avanço tanto do tempo de espera quanto da velocidade do coletivo seria a proibição de estacionar ou parar nos corredores de desenvolvimento citados no Plano Diretor. Também a sincronização semafórica nos principais eixos e eliminação dos semáforos de três tempos nos corredores. 

Muitos motoristas aproveitam os corredores prioritários ou exclusivos para fugir dos longos engarrafamentos, mas a infração é gravíssima e pode gerar 7 pontos na carteira e o valor é de R$ 293,47. Entre os meses de janeiro a maio de 2022 foram efetuadas 34.001 multas por transitar em corredores de ônibus. Já no mesmo período do ano passado foram 27.925 multas aplicadas por transitar em corredores de ônibus. Ou seja, houve um aumento de 6.076 multas, o que equivale a 21,75%.

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