Quem somos nós na fila da crise dos recursos naturais?
O impacto da crise afeta toda a cadeia de produção. Em outras palavras, ou você transforma ou não tem sistema
Renata Ankowski
Estamos em crise, mas infelizmente isso não é novidade para ninguém. De acordo com o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, divulgado no início deste ano, as três maiores ameaças que a humanidade enfrentará nos próximos dez anos envolvem questões ambientais: crise climática, danos ambientais produzidos pela humanidade e escassez de recursos naturais.
Coincidência ou não, os grandes responsáveis por todas elas somos nós e a conscientização parece ser o único caminho para a mudança. Cabe a nós nos questionarmos onde estamos nessa crise. O que estamos fazendo? Tomar consciência daquilo que está ao nosso poder e lutar não só pela mudança, mas pela transformação. Você já se perguntou sobre como o seu consumo impacta o uso dos recursos naturais do planeta?
Devido à aceleração no ritmo de utilização dos bens fornecidos pela natureza, o planeta anualmente tem sido sobrecarregado, entrando em déficit ecológico. A proporção disso tudo fez criar o Dia da Sobrecarga da Terra, data mundial que marca o momento em que a humanidade consumiu todos os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar durante um ano. Infelizmente, em 2021, a data brasileira aconteceu dois dias antes do dia global, ganhando destaque negativo nesse processo.
O Brasil, além de ser o líder em biodiversidade, possui 13,7% de toda a água doce e 20% das águas subterrâneas do planeta. Mas o que estamos fazendo pela crise de recursos? A liderança nesse ranking corresponde à responsabilidade do País na gestão mundial dos recursos hídricos e a necessidade de ser exemplo e influência. Se quisermos realmente mudar esse jogo com o meio ambiente, precisamos priorizar as soluções concretas, precisamos investir na restauração da natureza a partir da conscientização de hábitos desde os pessoais, até os movimentos de grandes empresas, governos e sociedade para que essa transformação ocorra.
Por outro lado, vimos que a escassez gera uma necessidade criativa que tem nos mostrado alguns caminhos importantes. O impacto da crise afeta toda a cadeia de produção. Em outras palavras, ou você transforma ou não tem sistema. Esse impacto, por mais danoso que possa parecer, gera uma onda muito grande de inovação a fórceps, como por exemplo o aumento de fazendas verticais, a transformação das malhas logísticas e novas fontes de energia sustentáveis.
Na agência em que atuo, temos uma missão de treinamento constante para trazer esse conhecimento sobre sustentabilidade e mostrar que não é só uma questão de separar seu lixo, mas uma reeducação ambiental, financeira e sistêmica, em que trabalhamos para que esse sistema seja infinito e circular. Atualmente, mais de 60% dos projetos que desenvolvemos contam com pelo menos um item do selo Lado B (certificação que atesta os compromissos como agência por meio de melhores práticas a favor da diversidade, inclusão e sustentabilidade) e 80% dos fornecedores internos classificados dentro dos critérios. Há um tempo, tínhamos que sugerir às marcas práticas eco-friendly no planejamento de seus estandes e eventos. Hoje o cliente chega até nós já com o tema como pré-requisito. Isso tudo favorece para que a sustentabilidade seja comprovada na prática.
Em suma, nós sabemos que os recursos naturais são infinitos, mas tudo tem um tempo e um ciclo, e quando quebramos a barreira desse ciclo tudo se desregula. A minha esperança é que novos estudos venham para nos mostrar cada vez mais caminhos e que nossa tecnologia consiga avançar mais rápido que o estado degenerativo que ultrapassamos em termos de recursos.
Renata Ankowski é formada em Administração de Empresas, pós-graduada pela PUC-AR e especialista em gestão de projetos pela ESPM