Governo Bolsonaro deve encarar um plebiscito
“A eleição majoritária esse ano tem uma pegada muito plebiscitária em relação ao que foi o governo Bolsonaro”, diz Ludmila Rosa
Pela forma com que a polarização se estabeleceu, muito mais atenuante do que a de 2018, quando o alvo era o Partido dos Trabalhadores diante da enxurrada de denúncias de corrupção e a prisão do principal nome da sigla, o ex-presidente Lula, o governo de Jair Bolsonaro deverá enfrentar um desaprovo ainda mais acentuado. A tese é defendida por Ludmila Rosa. “A eleição majoritária esse ano tem uma pegada muito plebiscitária em relação ao que foi o governo Bolsonaro”. De qualquer forma, Lula, mesmo na iminência de ter a prisão decretada e depois de cumprida, continuava à frente nas pesquisas.
Acerca dessa relevância eleitoral lulo-petista, Jones Matos, cientista político e pesquisador, é taxativo: “Eu diria que há um equilíbrio em Goiás. Talvez haja um empate técnico entre Lula e Bolsonaro”. Para ele, o maior problema de Lula na conquista pelo voto do goiano é a “falta de palanque”. “Quem é o candidato do Lula em Goiás?”, ironiza e dispara sobre o nome escolhido pelo PT, Wolmir Amado, ao governo: “Candidatura de mentirinha não vira nada. O Lula precisa de um palanque forte, um candidato viável”.
Para apimentar um pouco, ele sugere que o ex-governador Marconi Perillo deveria ser o candidato do Lula em Goiás. “Aí mudava o jogo.Sem um palanque viável e competitivo em Goiás, Lula nem virá a Goiás”, acredita ele.
Sobre o voto goiano, Ludmila Rosa se lembra que nos últimos 24 anos, das 3 vezes em que o Lula foi candidato a presidente, em duas delas, ele ganhou no estado. “Há também uma certa tradição de voto goiano no Lula, é uma preferência mais nominal que partidária, porque se fosse partidária a ex-presidenta Dilma teria ganhado e o Haddad também, coisa que não aconteceu. Existe uma preferência ao nome de Lula e não ao Partido dos Trabalhadores, por isso ele segue sendo um candidato muito competitivo no estado de Goiás apesar de a disputa pelo governo estar centrada em candidaturas não necessariamente alinhadas nacionalmente com o nome do Lula”, analisa.
Ela ainda explica que Lula está sabendo usar o péssimo momento econômico a seu favor comparando os números que teve quando foi presidente. “Então eu diria que há uma incerteza em dizer que o estado de Goiás seja um estado bolsonarista apesar de ser muito conservador e do agronegócio.’’
Sobre o conservadorismo atrelado ao agronegócio, Jones Matos reconhece que este setor é importante eleitoralmente, mas defende que também existem setores progressistas e que votam na esquerda também. “Fiz pesquisa em Jataí onde o presidente esteve recentemente. A cidade é dominada pelo agronegócio, mas Bolsonaro por exemplo só lidera nos bairros mais elitizados. Quando você vai pra periferia isso já muda o cenário .
Isso certamente tem a ver com a situação econômica do país. É na periferia onde o povo está sofrendo mais, onde a crise econômica bate mais forte”.