Após oito disputas ao Planalto, PSDB ficará sem candidato à presidência
O Brasil pós-ditadura militar realiza eleições presidenciais desde 1989. Foram oito, desde então (1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018). Em todas, o PSDB esteve na disputa como cabeça de chapa. Em 2022, pela primeira vez desde 1989, o partido pode não ter um candidato à presidência.
O Brasil pós-ditadura militar realiza eleições presidenciais desde 1989. Foram oito, desde então (1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018). Em todas, o PSDB esteve na disputa como cabeça de chapa.
Em 2022, pela primeira vez desde 1989, o partido pode não ter um candidato à presidência. De fato, na quinta-feira (9), a legenda anunciou em suas redes sociais que abriu mão da candidatura para apoiar a senador Simone Tebet (MDB-MS) como representante da terceira via contra a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“PSDB define apoio à Simone Tebet, em votação finalizada há pouco. O partido segue firme e convicto na construção de uma alternativa a Lula e Bolsonaro por um país mais próspero e unido”, compartilho o perfil oficial da legenda, que deve indicar o vice – provavelmente o senador Tasso Jereissati (CE).
Tebet agradeceu e comemorou a confiança. “Este é um reencontro do centro democrático não agendado pela história, mas exigido por ela. No passado, democracia, cidadania, justiça social. Hoje, pelos mesmos valores e com a mesma urgência, unimos forças por um Brasil sem fome e sem miséria.”
E mais: “Sabemos da responsabilidade. Estamos prontos. Com coragem e amor, vamos reconstruir o Brasil. Recebo com alegria e imensa honra o apoio do PSDB à nossa candidatura.”
Os nomes do PSDB
Mas voltemos a história do PSDB. Das oito vezes que disputou o posto máximo do Executivo brasileiro, o partido venceu em duas ocasiões: em 1994 e 1998. O primeiro nome tucano da se candidatar presidente foi Mário Covas, quando o nome do PSDB terminou o primeiro turno no quarto lugar, com 11,52% dos votos. A chapa era pura, com Almir Gabriel de vice de Covas.
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso levou a melhor ainda no primeiro turno, com 54,24% dos votos. Ele tinha como vice Marco Maciel, mesmo companheiro em 1998.
Naquele ano, Fernando Henrique não deu chance para os adversários – Lula fechou chapa histórica com Leonel Brizola na vice – mais uma vez. Teve 53,06% dos votos e foi reeleito presidente da República.
Foi a última vez que o PSDB fez um presidente, mas ainda assim se manteve competitivo. Até 2014, o partido polarizou com o PT em todos os pleitos pelo Palácio do Planalto.
Os “segundos lugares”
Em 2002, José Serra foi o escolhido. Com Rita Camata na vice, ele conseguiu ir para o segundo turno, mas perdeu para a chapa Lula-José Alencar por 61,27% a 38,72%.
Em 2006 foi a vez de Geraldo Alckmin, hoje vice na chapa de Lula, entrar na disputa. Com José Jorge, o ex-governador de São Paulo também chegou ao segundo turno. Ele, contudo, foi derrotado por 60,83% a 39,17% para Lula e Alencar.
Contra Dilma Rousseff e Michel Temer, o PSDB lançou em 2010, novamente, José Serra. Dessa vez com Índio da Costa como vice. A derrota também veio no segundo turno: 56,05% a 43,95%.
Mas foi com o mineiro Aécio Neves, em 2014, que o partido mais chegou perto de voltar ao Planalto. Em segundo turno apertado, os tucanos (era chapa pura) perderam por 51,64% a 48,36%.
Relevância
Em 2018 o partido não conseguiu se destacar. A sigla convocou, novamente, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a disputa, que compôs com Ana Amélia Lemos.
Dessa vez, com a ascensão de Bolsonaro, o partido só garantiu a quarta colocação, com 4,76% dos votos. Além do presidente eleito, a legenda ficou atrás de Ciro Gomes (PDT), que teve 12,47%, e de Fernando Haddad (PT), que ficou com 29,28% no primeiro turno.
Neste ano, o partido chegou a definir o ex-governador de São Paulo João Doria nas prévias de 2021 como pré-candidato à presidência. Em 23 de maio deste ano, após divergências internas e não emplacar nas pesquisas eleitorais, o tucano retirou a pré-candidatura.
Correligionários, como o ex-governador Marconi Perillo, seguiram na defesa de candidatura própria. O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, era uma aposta. Porém, na quinta, a Executiva do partido decidiu por 39 votos favoráveis, seis contra e uma abstenção apoiar a emedebista Simone Tebet, interrompendo mais de 30 anos de candidatos ao governo federal.