Em clima de campanha, Caiado critica sigilo na venda da Enel
O jornal Reuters, em abril, publicou que a companhia italiana Entidade Nacional de Eletricidade (Enel) está em negociações para vender a distribuidora brasileira de energia Celg-D, em acordo bilionário. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, na quinta-feira (9), o presidente da Enel, José Nunes, ao ser questionado sobre a falta de transparência, […]
O jornal Reuters, em abril, publicou que a companhia italiana Entidade Nacional de Eletricidade (Enel) está em negociações para vender a distribuidora brasileira de energia Celg-D, em acordo bilionário. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, na quinta-feira (9), o presidente da Enel, José Nunes, ao ser questionado sobre a falta de transparência, afirmou ter que manter sigilo.
Diante das declarações feitas na quarta-feira, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, utilizou as redes sociais para afirmar que a época dos negócios por debaixo dos panos acabou. “A Enel parece que ainda não entendeu que em Goiás acabou a época dos negócios por debaixo dos panos. Não vamos admitir que a empresa discuta a venda da sua concessão como distribuidora de energia elétrica no Estado sem dar a devida transparência a todo o processo”.
Segundo o presidente da Enel Goiás, ao ser questionado sobre a falta de transparência em relação a possível venda do controle da empresa, há a necessidade de sigilo sobre o processo, mas que a empresa está seguindo a orientação de advogados e que não poderia antecipar as informações devido a assinatura de um termo de confidencialidade.
As metas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo Caiado e o vereador e presidente da CEI, Mauro Rubem (PT), não estão sendo cumpridas. De acordo com o petista, a empresa está com dificuldade em subir no ranking das melhores concessionárias de energia elétrica do país, ocupando a 27ª posição entre 29 empresas de grande porte. Além disso, o vereador afirmou não haver bom índice de satisfação entre os clientes após a privatização e que, em alguns casos, estão piores em relação aos da antiga concessionária.
Descumprimento das metas
De acordo com Caiado, a Enel caminha para descumprir as metas pelo segundo ano consecutivo, podendo custar a perda da concessão. O governador sugere ainda que a empresa desista de tentar lucrar com a operação e transfira o controle e disse que quer a “Enel fora de Goiás”. Entretanto, o presidente da italiana disse não haver acordo para a venda da companhia até o momento.
Na ocasião, Caiado reforçou que se posicionou contra a venda da Celg desde o início. “Desde que eu estava no Senado venho lutando contra essa operação criminosa que foi a venda da Celg para uma empresa que não tem capacidade de atender os goianos como merecemos”, ressalta.
O governador aproveitou para comentar sobre as deficiências no fornecimento de energia que ele diz ser o “entrave ao desenvolvimento do Estado”. “É por culpa da negligência da Enel que a economia goiana não cresceu ainda mais nos últimos anos. O setor produtivo tem sido penalizado pela falta de investimentos da empresa. Não vamos admitir que a Enel saia de Goiás de fininho, sem sofrer as consequências pela falta de compromisso com nossa gente”.
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública, também na quinta-feira, para discutir a possível venda da empresa, ação proposta pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO). O deputado destacou que, em 2016, a Enel adquiriu a Celg D por R$ 2 bilhões, mas que quer vendê-la por R$ 10 bilhões, sem qualquer melhoria na qualidade do serviço, inclusive sendo colocada em 2019 como a pior distribuidora de energia do Brasil, conforme dados da Aneel.
O secretário-geral da Governadoria do Estado, Adriano da Rocha Lima, ressaltou que os goianos dependem da qualidade da distribuição e que, por isso, as negociações não podem ser tratadas dessa forma. “Existem milhões de goianos dependendo da qualidade da distribuição, isso não pode ser tratado dessa forma. É grave, é inadmissível que ainda continuem com esse discurso. Temos que ter transparência total nesse processo, não podemos colocar o consumidor de Goiás numa situação de mais risco do que ele já vive hoje. Entendo a confidencialidade no serviço privado, mas estamos tratando de uma concessão pública, então tem que haver transparência nesse processo”, afirma.
Mesmo diante das críticas sofridas no meio político, o presidente da Enel em Goiás se manteve firme na decisão de que deve ser mantido o sigilo devido a cláusula de confidencialidade. Em relação ao serviço de má qualidade fornecido aos goianos, Nunes afirmou que a culpa é das condições climáticas, pandemia e outros elementos externos que podem ter influenciado, mas disse estarem “orgulhosos pelo tamanho do desafio que temos superado naqueles indicadores”.