Projeto institui semana da conscientização sobre lixo eletrônico em Goiânia
Goiânia produz, em média, uma tonelada e meia de lixo eletrônico por ano
Foi aprovado pela Câmara Municipal de Goiânia o projeto de lei que institui no calendário de Goiânia a Semana de Conscientização sobre o Lixo Eletrônico. Esta será comemorada na terceira semana de outubro. Goiânia produz, em média, uma tonelada e meia de lixo eletrônico por ano. Dados da Companhia de Urbanização do Município de Goiânia (Comurg) apontam que, nos últimos 12 meses, 1 mil unidades de bens inservíveis foram coletadas nos ecopontos e 23 mil itens por meio do cata-treco.
De autoria de Thialu Guiotti (Avante), a semana tem o intuito de conscientizar a população sobre os riscos do manuseio e descarte incorretos do lixo eletrônico, responsáveis por multiplicar riscos de doenças e a degradação do meio ambiente. “Quando feito de maneira correta, ele pode ser 100% reutilizado, mas, caso contrário, o lixo eletrônico pode causar câncer e outras doenças, devido à predominância dos metais pesados. Além disso, a contaminação do solo e dos rios também é agravada”, explica Thialu Guiotti.
O lixo eletrônico também é conhecido pela sigla RAEE (resíduos de aparelhos eletroeletrônicos) e engloba todos os dispositivos de celulares, tablets, computadores, TVs, lavadoras de louça e roupa e geladeiras descartados por seus donos. O projeto segue agora para análise da Prefeitura de Goiânia.
Segundo a pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021, da Green Eletron, a maior parte dos brasileiros (87%) já ouviu falar em lixo eletrônico, mas um terço (33%) acredita que ele está relacionado ao meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos. Os outros 40% acreditam que estão relacionados com aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos quebrados.
Produção aumentou
Devido ao avanço nos dispositivos eletrônicos, a produção desses aparelhos aumentou e o tempo de depreciação acabou reduzindo, o que ocasionou uma rápida troca de dispositivos. “Os usuários desses primam muito por estarem sempre com o que existe de mais moderno no mercado. Com isso, itens que são considerados obsoletos são deixados de lado gerando lixo eletrônico”, explica coordenador do curso de Análise de Sistemas e Ciências da Computação da Estácio e mestre em Ciências da Computação, Daniel Gomes de Oliveira.
De acordo com o professor, o lixo eletrônico é extremamente prejudicial para o meio ambiente, contendo diversos compostos como alumínio, chumbo, germânio, gálio, ferro, níquel e polímeros de diversas origens. “O Brasil é líder na produção de resíduos eletrônicos na América Latina, segundo o estudo Global e-Waste Monitor, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), gerando 1,5 milhão de toneladas ao ano desse tipo de resíduo. Segundo o levantamento, apenas 2% do total é reciclado”, cita.
Descarte
Antes de realizar o descarte do material, as pessoas devem buscar informações sobre empresas que realmente atuam com determinados tipos de materiais, pois as empresas em geral, não possuem autorização para trabalhar com todos os tipos de materiais. “Pilhas e baterias, por exemplo, são críticas em relação ao descarte e é necessário que as mesmas sejam descartadas em pontos de coleta que realmente sejam especializados nesses componentes”, orienta Daniel.
Ele conta que passou por uma situação, onde tinha que descartar alguns materiais e estava com dificuldades de localizar um ponto de coleta. “Fui até uma loja de manutenção de celulares e fui informado que poderia deixar os materiais com eles, já que teriam uma pessoa responsável por essa coleta. Muitas dessas empresas que prestam serviços de manutenção já possuem parcerias para a reciclagem desses materiais. Então, vale a pena consultar esses lugares e não descartar os dispositivos em qualquer lugar”, finaliza o professor.
Sukatech
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), reciclou mais de 50 toneladas de lixo eletrônico, a partir do Sukatech, iniciativa que conta também com a parceria da Organização da Sociedade Civil (OSC) Programando o Futuro. Situado na Escola do Futuro do Estado de Goiás (EFG) José Luiz Bittencourt, no Bairro Floresta, em Goiânia, o Sukatech fornece o descarte necessário a equipamentos eletrônicos que não servem para reutilização; promove cursos tecnológicos voltados a informática básica, manutenção de computadores e robótica; e, além disso, dispõe de um Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC).
O gerente de Projetos Tecnológicos da Sedi, Thiago Angelino, dentro do CRC, explica que o recondicionamento pode ser realizado entre diferentes aparelhos. “Ocorre de tirarmos uma peça de ar-condicionado e colocar no computador. Máquina de lavar roupas, por exemplo, pode conter cerca de 40 metros de fio de cobre, isso tem valor financeiro. Fazemos o desmanche, e colocamos em um contêiner o que não vai ser reaproveitado. Uma empresa recolhe e faz a destinação correta. Não jogamos nada em lixo comum, sequer mandamos para aterro sanitário, para não ter risco de contaminação do solo”, detalha.
Os materiais recondicionados passam por limpeza interna e são padronizados com upgrades e instalação de softwares e aplicativos padrões. “Ao final desse processo, são realizados testes para verificar a funcionalidade e o desempenho do equipamento. As máquinas são embaladas e acrescentamos itens complementares como mouses e teclados; posteriormente, os equipamentos são separados em lotes específicos para doação”, detalha. “Todos os computadores dos Laboratórios Include vêm do CRC, por exemplo. Doamos também para alunos da UFG [Universidade Federal de Goiás] que não tinham computador para participar de teleaulas”, complementa Thiago Angelino. (Especial para O Hoje).