‘Mel Tamarindo’ reúne um time para enfatizar a cultura nordestina nas músicas de Siba Velosa
A peça deseja fazer com que as pessoas se observem mais e saboreiem a vida com mais alegria, humanidade e afeto
Inspiradora e apaixonante, a cultura nordestina dá o tom para o espetáculo ‘Mel Tamarindo’. Baseado nas músicas do cantor, compositor, guitarrista, rabequeiro, mestre de ciranda e de maracatu de baque solto, um dos precursores do movimento manguebeat Siba Veloso, a obra audiovisual é um projeto inédito da Cia. Ju Cata-Histórias. A estreia presencial e online será dia 25 de junho, às 19h, dentro do Festival Misturaí, que ocorre na Clandestina Casa Cultural. Já no dia 26 outra transmissão será feita presencialmente, na Officina Cultural Geppetto.
Siba Veloso retrata a sua visão do mundo, suas percepções sociais e sua cultura por meio de suas músicas. E agora, o Cavalo Marinho, uma dança e folguedo popular de Pernambuco, além do personagem Caboclo de Lança, ou apenas caboco, que pertence ao Maracatu Rural, presente em suas performances, dá o direcionamento para o ‘Mel Tamarindo’. As músicas ‘Só é gente quem se diz’, ‘Tempo bom rendondin’ e ‘Mel Tamarindo’ são as que embalam esse processo e dão vida às cenas criadas pela Cia. Ju Cata-Histórias, que se auto descreve como sendo um grupo de narração, música e teatro.
A idealizadora do projeto, Juliana Mado, discorre sobre os motivos que a fizeram querer trabalhar com as canções de Siba: “suas composições trazem uma poética particular nas letras, com traços de humor e sagacidade, tratando de temas muito contemporâneos, mas também fazendo um mergulho em tradições populares pernambucanas, como o Maracatu Rural, a Ciranda e o Cavalo Marinho. Além disso, as letras transitam entre ideias sobre tempo, a sociedade e o bicho-gente, coisas que resolvemos dançar e encenar justamente pela teatralidade das falas cantadas de Siba“.
O trabalho de pesquisa para composição da peça-filme demandou um mergulho profundo nas raízes da cultura nordestina e de suas manifestações populares, tanto quanto uma observação minuciosa das críticas sociais presentes na dramaturgia de Romagnoli, nas letras das músicas escolhidas, e na própria experiência humana dos criadores da obra. Os intérpretes Juliana Mado, Vinícius Bolivar e Kesley Rocha contaram com a supervisão de Tainá Barreto, que é professora e pesquisadora dessas manifestações, eles também participaram de oficinas com Fábio Soares, que é um bailarino e caboco da Zona da Mata Pernambucana.
A diretora Izabela Nascente (Cia Nu Escuro), o dramaturgo paulistano Marcelo Romagnoli (Banda Mirim), os interpretes e os outros colaboradores formaram um coletivo com o objetivo de homenagear as tradições populares do nordeste brasileiro. Celebram a beleza do Brasil profundo e o poder das relações humanas e sociais, da amizade em especial, na transformação de olhares sobre a vida e o outro. “Esse espetáculo é realmente uma celebração da amizade, do apoio das pessoas que nos fazem viver melhor. Minha expectativa é que as pessoas assistam e se sintam com vontade de encontrar seus amigos”, diz a diretora.
A diretora Izabela Nascente ressalta que apesar de se basearem em manifestações vibrantes e alegres, elas surgem de um contexto muito duro, de vida, de condição social dos trabalhadores rurais da Zona da Mata de Pernambuco. Assim, ela explica que em ‘Mel Tamarindo’ foi feita uma releitura desse contexto, só que voltando o olhar para as grandes cidades, para os trabalhadores urbanos. Além disso, a diretora antecipa que no enredo da peça, o grande transformador das relações é o Senhor Tempo. Uma entidade que tem o poder de reunir e amalgamar as relações. Mas Izabela deixa também o spoiler, de que no final, tudo acaba em festa.