Boas ideias morrem por falta de gestão
Todos os processos são legítimos e nenhum deve ser diminuído quando o foco são as estratégias que mantêm um negócio lucrativo
Victor Felipe de Oliveira
Vivemos em um país de pessoas muito criativas, que desejam empreender e se arriscam com certa facilidade. Contudo, ideias fantásticas se perdem na prática por causa de um ponto essencial: a falta de gestão. Todos os processos são legítimos e nenhum deve ser diminuído quando o foco são as estratégias que mantêm um negócio lucrativo. Contudo, a experiência adquirida ao longo dos anos à frente dos projetos que geri, me ensinou muito sobre o que faz, de fato, as coisas andarem: as pessoas.
Recentemente, fiz uma das primeiras vendas SAFs no futebol do País, no Athletic Club, de São João Del Rey. Em quatro anos, o Esquadrão de Aço voltou às competições profissionais, depois de décadas inativo; chegou às semifinais do Campeonato Mineiro 2022, conquistou o título de Campeão Mineiro do Interior e ainda a vaga na disputa da Copa do Brasil e na Série D do Brasileiro.
Minha recente experiência só confirmou minha crença de que o capital humano deve receber investimento e estar bem alocado. Esses dois pontos parecem simples, mas, no dia a dia, é um desafio que me gerou lições que compartilho.
Como investir em pessoas
Anos atrás, fui atleta do vôlei. Tive a oportunidade de fazer uma seletiva no Minas Tênis Clube e, mesmo não sabendo jogar o suficiente, fui aprovado. O técnico alegou a necessidade de jogadores altos no time, e eu, como quase dois metros de altura, ouvi que “é possível ensinar a jogar vôlei, mas não tem como ensinar a crescer.” Guardei aquilo para o resto da vida: eles podiam ensinar toda a prática do esporte que, com empenho do atleta, seria alcançada com êxito. Contudo, não tem como mudar a estrutura de uma pessoa.
Como empresário, imprimo essa convicção nos negócios, ao selecionar quem vai trabalhar comigo. Ensino processos, forma de atuar e como desempenhar tal função, mas não posso ensinar caráter, dedicação e boa vontade. E isso é determinante sobre como formar minha equipe: escolho por meio dos valores que tenho e quero para meus negócios. Claro, sempre levando em consideração a área de atuação da pessoa, mas não coloco empecilhos para pessoas que desejam entregar o seu melhor. São exatamente essas pessoas que quero!
E quando falamos de pessoas, há de se ter proximidade, acompanhamento constante. Não no sentido de controle, mas de saber da entrega do funcionário, a fim de potencializá-lo. Pessoas são movidas a estímulos. Então, acredito ser fundamental entender no que elas são boas, valorizar e perceber quais são os pontos de melhora.
O funcionário, ao entrar numa empresa, aceita fazer parte de um objetivo. Por isso, a gestão deve ser focada no resultado dele e, consequentemente, no da empresa. Colaboradores competentes querem alcançar bons resultados, querem ser estimulados a crescer, precisam ser desafiados e fazer parte de um coletivo que seja eficiente. Isso é preponderante para a retenção de talentos.
Talentos bem posicionados
Iniciei em 2022, concentrado na reestruturação de minha carreira. Por isso, vendi a uma bem-sucedida empresa de contact center, além de uma empresa nos EUA. Tudo isso porque meu foco atual é no projeto de equity. Dessa forma, tenho buscado por empresas com potencial de crescimento e capilaridade de expansão para investimento. Atuo na gestão e alavanco os negócios para uma possível venda futura de participação. E, ao averiguar o quadro de funcionários e as funções que são fundamentais ao negócios, tomo diversas atitudes.
A primeira delas é deixar muito claro o que a empresa faz e como quer crescer, explicando valores, propósito e missão. Em todas as que atuo, as ações estão alinhadas com o que acredito. Pessoas entram e saem, mas os processos continuam e a imagem da empresa deve ser mantida e evidenciada por todos que atuam na instituição.
O segundo ponto é deixar cada profissional alinhado aos processos da empresa e quais ele irá desempenhar e ter domínio. Quando isso não ocorre, as tomadas de decisão não são imediatas, o que pode ser crucial para um negócio. Então, para mim, é fundamental que cada um esteja seguro e ciente de seu papel. Assim, as decisões podem ser tomadas com mais agilidade e confiança.
Por fim, agora que estou enfronhado no futebol com meu segundo time profissional, tenho clareza que cada um deve estar em sua posição correta: o jogador que desarma nunca terá destaque ou ajudará o time se estiver na posição de marcar o gol. É necessário entender das posições e do capital humano que se tem para organizar os processos que vão garantir a perenidade da empresa.
Victor Felipe de Oliveira é diretor executivo da empresa de investimentos