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sábado, 23 de novembro de 2024
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Mercado literário

Venda de livros e clubes de leitura crescem no País

O crescimento no período da pandemia foi de 29,3% no volume de livros vendidos

Postado em 15 de agosto de 2022 por Sabrina Vilela

A pandemia veio acompanhada de várias mudanças de hábitos da população. Uma delas foi o aumento do interesse pela leitura visto que durante o período de isolamento não tinham muitas opções de entretenimento. No Brasil, houve ascensão no mercado literário entre os anos de 2020 e 2021 conforme destaca o 13º Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) em parceria com a Nielsen Bookscan Brasil. 

Os dados apontam ainda que o crescimento nesse período foi de 29,3% no volume de livros vendidos no país. No que se refere a receita gerada, foi registrado um aumento de 29,2% entre 2020 e 2021. Este ano também teve alta, cerca de 19,56% maior em relação ao mesmo período do ano passado. 

Os clubes do livro, no entanto, tiveram queda. Bárbara Wendel é diretora de uma Organização Não Governamental (ONG) voltada para a literatura. Ela também é organizadora de um clube do livro de Goiânia. A história dela com o clube começou em 2016 quando fez sua primeira assinatura. Ela recebia livros mensais, mas teve um em específico que marcou sua vida em 2017. Desde então ela foi em busca de pessoas que tinham lido a mesma narrativa para conversar sobre ela. Para facilitar, o grupo era de whatsapp no início, mas os encontros presenciais mensais começaram em 2017. 

O amor pela leitura que Bárbara desenvolveu tem relação com um momento trágico vivido na infância. Ela era filha única e perdeu o pai aos 5 anos, por isso ela cresceu muito sozinha e os livros foram a companhia dela durante toda a vida. “Os livros me ensinaram a sonhar e me deram amigos. Era como se eu me sentisse acompanhada durante minha infância e adolescência”, relembra. Ela conta ainda que teve “sorte” de ter professores que incentivaram ela no caminho da leitura. Bárbara também contou com a ajuda da mãe, que embora não seja leitora a apoiou por levar em livrarias e fazer assinaturas de revistas. 

Reflexos da pandemia

A organizadora dos encontros do clube do livro afirma que houve aumento no número de assinantes e até de encontros no clube do livro. Mas, devido a pandemia, as reuniões passaram a ser por videoconferência. No início de 2020 houve mais pessoas nos encontros online, mas conforme os meses foram passando as pessoas pararam de ir. Barbara associa a desistência pelo esgotamento mental das telas, visto que nessa época quase tudo era feito de forma virtual. 

O clube do livro presencial foi retomado no final do ano passado, mas ainda em passos lentos. “Está complicado retomar o que a gente tinha antes da pandemia. Eram em média de 25 pessoas nos clubes e grupos de whatsapp com cerca de 100 assinantes. Atualmente estamos com cerca de 70 assinaturas”.

Para Wendel, o clube do livro é essencial para o leitor ter maior compreensão do que foi lido. “As leituras devem ser partilhadas. Quando só lemos e não temos como ressoar o que foi lido fica vazio”. Pensando nisso, ela fundou a ONG em 2019 por acreditar no poder transformador que a leitura tem. 

Leitura e infância

Engenheira ambiental, Teresa Hatsue Sasaki se reúne no clube do livro desde o ano de 2019. Ela ama ler desde a infância por influência da mãe. “Ela trazia muitos livros para dentro de casa e me lembro que meu amor pela leitura começou com os gibis da Turma da Mônica, que minha mãe assinava para nós”.

Ela sente o mesmo que Bárbara com relação a quantidade de pessoas que participam do clube. Ela sente que nos últimos meses tiveram mais saídas do que entradas. “Inclusive, sei que o Clube da Intrínsecos será extinto em setembro e que a Tag [ clube de Assinatura de Livros que envia a cada mês um livro surpresa] está passando por momentos delicados devido à redução de assinantes”, informa.

Sasaki considera esses clubes importantes porque é uma forma de desafiá-la a ler livros de estilos literários e histórias diferentes do que ela prefere. Os livros que são recebidos por assinaturas são surpresa, então sempre tem histórias, autores e gêneros variados. Ela também encara como uma forma de trocar ideias com outros integrantes a fim de ouvir diferentes pontos de vista e que normalmente faz com que ela ache a história mais excitante.

Já o perito criminal, Davi dos Reis Santos participou de um clube do livro pela primeira vez em dezembro de 2016. Ele desenvolveu a veia literária ainda criança, na escola primária, quando a professora lia os livros com a classe.

Para Davi, os clubes do livro são extremamente importantes para a perpetuação do gosto pela leitura. “É uma forma de despertar novos interesses, tanto em relação aos livros quanto aos assuntos do cotidiano, como política, economia, música. Também para descobrir novos escritores e para a interação social e troca de ideias”.

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