Tigre-da-Tasmânia: cientistas planejam ‘ressuscitar’ animal extinto há quase cem anos
Antes da extinção, o animal costumava ser um dos maiores predadores a habitar a Austrália e a Ilha de Nova Guiné há mais de 2 mil anos
Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e da Austrália está planejando reviver o tigre-da-Tâsmania (Thylacinus cynocephalus), espécie típica do território australiano extinta há quase cem anos. O projeto multimilionário é encabeçado pela Colossal Biosciences, empresa norte-americana de biotecnologia, e promete reintroduzir na natureza o primeiro animal “ressuscitado” em 10 anos.
O animal ganhou o nome devia às listras em seu dorso que lembravam as de um tigre. Entretanto não se trata de um felino, mas sim de um marsupial carnívoro. Também era conhecido como tilacino ou lobo-da-Tâsmania.
Antes da extinção, o animal costumava ser um dos maiores predadores a habitar a Austrália e a Ilha de Nova Guiné há mais de 2 mil anos. Com a chegada dos humanos nas regiões, o animal começou a ser caçado, e começou a desaparecer.
O último sobrevivente morreu em 1936, no Zoológico de Beaumaris, na Tasmânia. A espécie foi declarada oficialmente extinta na década de 1980.
Processo de ‘desextinção’
O laboratório afirmou que pretende usar os avanços da ciência genética e novas tecnologias para o projeto. Para a restauração, a equipe de cientistas sequenciou o genoma do Thylacinos, o que poderá ajudar a trazer o marsupial através de um DNA antigo e preservado, com base na reprodução artificial.
“A tecnologia e os principais aprendizados deste projeto também influenciarão a próxima geração de esforços de conservação de marsupiais”, afirma Andrew Pask, biólogo especialista em tigre da Tasmânia, que vai liderar o time de pesquisa.
O experimento consiste em coletar células-tronco de uma espécie viva com DNA próximo ao do tigre extinto. Depois desse procedimento, a equipe vai transformar o material em um embrião, que será transferido para um útero artificial ou de animais geneticamente parecidos.
“Nós não temos escolha. Se perdermos 50% da biodiversidade da Terra, nós mesmos estraremos em extinção nos próximos 50 a cem anos”, alertou o geneticista, durante entrevista para o jornal britânico The Guardian.
“Conto de fadas”
Apesar do avanço das pesquisas e da tecnologia relacionada à genética, muitos consideram a desextinção uma tarefa impossível. Para Jeremy Austin, professor associado do Australian Centre for Ancient DNA, o projeto é “mais sobre a atenção da mídia para os cientistas e menos sobre fazer ciência séria”.
“A desextinção é uma ciência de conto de fadas”, afirmou o professor ao jornal Sydney Morning Herald. Há mais de 20 anos, em 1999, o Museu Australiano começou a levar adiante um projeto para clonar o animal, e várias tentativas foram feitas com periodicidade desde então para extrair ou reconstruir DNA viável de amostras, mas nenhum com sucesso.
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