Ex-aliados disputam única vaga ao Senado goiano
Aliados por décadas, Vilmar e Marconi se enfrentam por vaga ao Senado
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) tem história com o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha. Hoje, eles disputam a única vaga do Senado nestas eleições, mas no último pleito, em 2018, estavam alinhados.
Na verdade, mais do que alinhados. Vilmar era o primeiro suplente do ex-governador – que se desincompatibilizou naquele ano justamente para disputar a Casa Alta do Congresso.
Ao Jornal O Hoje, Vilmar reforça a amizade e disse que, politicamente, o tempo deles juntos passou. Questionado se a disputa ao mesmo cargo gera algum problema ou desconforto, ele nega. “Da minha parte, nenhum problema. Somos amigos, não temos nenhum problema pessoal e fomos parceiros por mais de 20 anos. E fui um bom parceiro, mas o ciclo encerrou em 2018 e estamos num novo momento político”, declarou.
Vilmar e Marconi estiveram juntos durante o Tempo Novo, ou seja, o período em que o PSDB liderado por Perillo esteve no poder em Goiás. O tucano foi eleito pela primeira vez ao Palácio das Esmeraldas em 1998 e reeleito após quatro anos. Fez sucessor (Alcides Rodrigues) e retornou para mais dois mandatos em seguida.
Em 2018, à época em que José Eliton (antes no PSDB e hoje no PSB) disputava o governo, os tucanos tinham na coligação o PSD, que apoiava Marconi Perillo ao Senado com Vilmar na suplência. De fato, a aliança unia os seguintes partidos: PSDB, PTB, PSB, PR (PL), PSD, PPS (Cidadania), Solidarieade, PV, Avante e Rede.
Vilmar e Caiado
A reaproximação de Vilmar e Caiado, entretanto, ocorreu no pleito de 2020, quando o PSD lançou o senador Vanderlan Cardoso (PSD) para disputar a prefeitura de Goiânia contra Maguito Vilela (MDB) e outros nomes. A chapa pessedista garantiu o apoio do governador com a paz selada.
Paz, pois Vilmar e Caiado trocaram farpas e mantinham uma rivalidade de cerca de 15 anos. Em setembro de 2020, quando definiram a parceria, trocaram elogios. “Construir um acordo com Vilmar é muito fácil”, declarou o governador, à época.
Naquele ano, o Mais Goiás detalhou os desentendimentos. “Em 2004, Ronaldo já estava em ‘vai e vem’ com o Marconi, que teria levado nomes do DEM para o PSDB. Marconi apoiava a candidatura de Sandes Júnior para prefeitura de Goiânia e Caiado não queria, pois dizia que o então PFL deveria lançar nome próprio. Vilmar era contra e aí começou um estranhamento”, revelou uma fonte.
Segundo a fonte, Caiado conseguiu lançar Rachel Azeredo, que era do MDB – sem relação com a base marconista – e foi para o DEM. “No fim, ela não aglutinou e Vilmar estava certo. Mas Caiado fez o diretório nacional intervir para garantir a candidatura, pois se fosse para uma convenção corria o risco de perder.”
Dois anos depois, o rompimento definitivo com Caiado indo contra Vilmar (peitando uma aliança com o PSDB), mais uma vez, e lançando Demóstenes Torres pelo DEM, com intervenção da nacional. “DEM ficou sozinho, inclusive na chapa de deputado federal. Com isso, acabou elegendo só Caiado. Vilmar manteve a candidatura, mesmo sabendo que isso só serviria para auxiliar Caiado. Mas gerou mais desgaste. Já não tinha relação.”
As divergências continuaram nos anos seguintes, com trocas de farpas pela imprensa em diversas ocasiões. Na época da criação do PSD (2011), Caiado chamou Vilmar – de saída do então DEM – de “adesista” e que esta era a “pior qualidade” de um político. Em 2019, um ano antes de selar a paz, o presidente do PSD afirmou que o gestor estadual tinha sintomas de populista.
Atualmente e já muito bem pacificados, Vilmar é um dos três candidatos ao Senado da base de Caiado. Os outros dois são: delegado Waldir (União Brasil) e Alexandre Baldy (PP).
Pesquisa
O ex-governador Marconi Perillo lidera as intenções de voto segundo pesquisa Serpes divulgada no domingo (21). O tucano aparece com 24,7%. Destaca-se, foi a primeira rodada do levantamento após as convenções. Até então, ele ainda era possibilidade na disputa ao governo.
Deputado federal e um dos três nomes da base do governador Ronaldo Caiado na disputa à Casa Alta do Congresso, delegado Waldir vem em segundo lugar com 15,4%. Depois aparece o também parlamentar da Câmara Federal João Campos (Republicamos), que faz parte da chapa de Gustavo Mendanha (Patriota), com 6%.
Os demais são: Wilder Morais (PL), 4,7%; os outros dois nomes da base de Caiado, Vilmar Rocha e Alexandre Baldy, com 3,6% e 2,5%; Denise Carvalho (PCdoB), 2,4%; Leonardo Rizzo (Novo), 2%; Antônio Carlos da Paixão (PCO), 1,4%; e Manu Jacob (PSOL), 1,1%. Anularia ou não votaria somaram 9,6%. Outros 26,6% não decidiram.
Realizada de 13 a 17 de agosto, a pesquisa Serpes ouviu 801 eleitores. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou menos e tem confiança de 95%. Os números registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são GO-08758/2022 e BR-00273/2022.