Setembro verde alerta para a prevenção do câncer de intestino
Em 2020, a estimativa de novos casos da doença ultrapassou os 40 mil.
Responsável pela digestão de alimentos e absorção de nutrientes e água, o intestino é um órgão essencial para o bom funcionamento do corpo humano. Conhecido como intestino grosso, o cólon é objeto de atenção na campanha Setembro Verde que visa conscientizar sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de cólon e reto, também conhecido como câncer de intestino.
9 em cada 10 casos desse tipo de câncer tem origem a partir de um pólipo, que é um crescimento anormal da mucosa do intestino. Mas antes de chegar a este estágio, é possível prevenir a doença com hábitos saudáveis. Assim como outros cânceres, o tumor localizado no cólon e reto tem grandes chances de cura se descoberto e tratado precocemente.
Aos 59 anos, a Lusaleni Barbosa veio fazer uma consulta de rotina com o gastroenterologista, mas acabou encontrando uma massa no duodeno, e de lá pra cá fez vários procedimentos. “Eu fui em uma gastro, e através de um exame de endoscopia foi diagnosticado que eu tinha um pólipo no duodeno, e em seguida já me encaminharam para o Araújo Jorge para fazer a cirurgia de ressecção”, conta a aposentada.
Prevenção
O cirurgião oncologista do Hospital Araújo Jorge, Jales Benevides, destaca que a prevenção do câncer de intestino começa pela compreensão do que são esses pólipos intestinais e como preveni-los antes de desenvolverem alguma doença.
“Pólipos são pequenas lesões e elevações, parecidas com verrugas que podem aparecer em vários órgãos do corpo humano. Essas lesões podem, por vezes, não ocasionar sintomas graves e serem silenciosas, por isso devem ser rastreadas através do exame de colonoscopia, que é indolor e deve ser feito habitualmente a partir dos 45 anos de idade”, explica o oncologista.
De acordo com o médico, a identificação desses pólipos é essencial como medida preventiva ao câncer de cólon porque “para impedir a formação de uma lesão pré-cancerosa, todo pólipo identificado na colonoscopia é removido durante o procedimento”. “Isso é uma forma direta de evitar o câncer de intestino”, aponta.
Quando identificado, o câncer de intestino deve ser tratado de forma eficaz e rápida, e a cirurgia para tratamento do câncer colorretal consiste na ressecção do tumor e do segmento de intestino no qual ele está localizado. “Nos quadros mais avançados, o paciente pode evoluir com perda de peso sem causa aparente, quadro de obstrução intestinal (parada total de eliminação de gases e fezes, distensão e cólicas abdominais intensas e até mesmo vômitos) e perfuração da parede intestinal”, conclui Jales.
Aumento de casos, sinais e sintomas do câncer colorretal
No Brasil, o câncer de intestino é o segundo que mais causa óbitos. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) em 2020 a estimativa ultrapassou 40 mil novos casos da doença. Esses dados alertam sobre a necessidade de se estar atento a sinais, sintomas e a exames de rastreamento como forma de prevenção.
Apesar do exame de rastreamento (colonoscopia) ser indicado a partir dos 45 anos de idade, é importante ressaltar que o câncer colorretal está se tornando mais comum entre os jovens. Além de questões genéticas, o fator ambiente e hábitos de vida ruins também são fatores de risco para o surgimento de tumores malignos.
Em todas as idades, é importante estar atento a sintomas que possam indicar suspeita, no entanto, a coloproctologista Daniele Saito, alerta que a chance de cura está diretamente relacionada ao estágio da doença no diagnóstico.
“O sangue nas fezes é o principal sintoma do câncer de intestino. Outros alertas são diarreia ou prisão de ventre persistentes, cólica, dor na região anal, anemia e emagrecimento. Ao notar qualquer um desses sintomas, a recomendação é procurar um médico coloproctologista”, aponta Daniele.
Prevenção da doença
Adotar hábitos saudáveis, evitando a exposição a fatores de risco, é a principal maneira de se prevenir contra o câncer e outras doenças, como cardiovasculares, respiratórias crônicas, renais e diabetes. Conhecer os fatores que aumentam as chances de desenvolver essas doenças também permite que as pessoas possam evitá-los, melhorando a qualidade de vida e reduzindo as chances de adoecer.
Depois do diagnóstico e do tratamento, a Lusaleni passou a fazer exames regularmente, além de ter melhorado sua alimentação e os hábitos diários. “Agora eu tenho uma alimentação mais saudável, à base de frutas e verduras. Também estou praticando atividades físicas e realizando um check-up anualmente para conferir se tudo está em ordem no meu corpo”, comenta a paciente.
O especialista alerta que parar de fumar, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e evitar o consumo de produtos industrializados, são atitudes fundamentais para reduzir o risco desse tipo de câncer. “Os principais fatores de risco são tabagismo, alimentação não saudável e ingestão de bebidas alcoólicas. Radiação, infecções, exposição ocupacional a agentes cancerígenos e sedentarismo também estão relacionados ao câncer”, conclui o cirurgião oncologista Jales Benevides. (Especial para O Hoje)