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sábado, 23 de novembro de 2024
Medida

TCM determina que prefeitura não feche bibliotecas em escolas públicas de Goiânia

A decisão reconhece que é preciso ampliar o número de vagas nas unidades, mas problemática não pode ser resolvida ao desativar bibliotecas

Postado em 25 de novembro de 2022 por Vinicius Marques

Uma decisão do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) exige que a prefeitura de Goiânia mantenha as bibliotecas que seriam fechadas em escolas da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia. 

A decisão veio após anúncio da pasta de que cerca de 50 unidades de ensino da rede teriam este espaço fechado para dar lugar a salas de aula que vão absorver crianças de quatro e cinco anos de idade que até este ano estudam em centros municipais de ensino infantil (Cmei).

O pedido de medida cautelar foi feito pelo vereador Mauro Rubem (PT) e foi acolhido pelo conselheiro Francisco José Ramos que exige de forma liminar que a SME não só mantenha estes espaços abertos como também reabra os que já tenham sido fechados. Francisco acatou o argumento de que o fechamento contraria a lei federal 12.244/2010, que trata da universalização das bibliotecas e do acesso a material literário nas instituições de ensino do País.

As salas de leitura funcionam como bibliotecas nas escolas municipais, fornecendo acesso aos estudantes a material literário, além de brinquedos e jogos pedagógicos, como também é um espaço para desenvolvimento de projetos complementares desenvolvidos pelos professores fora da sala de aula usando este acervo.

Segundo a administração municipal as bibliotecas não estariam sendo usadas e o objetivo seria ampliar o número de vagas nas unidades de ensino.

Ainda na decisão, o conselheiro ressalta a importância de ampliar as salas de leitura das escolas. “A Lei de Universalização das Bibliotecas Escolares (Lei 12.244/2010) determina que todas as instituições de ensino do país, públicas e privadas, desenvolvam esforços progressivos para constituírem bibliotecas com acervo mínimo de um título para cada aluno matriculado, ampliando este acervo conforme sua realidade, bem como divulguem orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares e não, que proponham a sua extinção”, escreveu o conselheiro.

O TCM ainda rebateu a justificativa da Prefeitura de que estava fechando apenas espaços ociosos e que a medida seria uma solução para a fila de crianças esperando uma vaga em Cmeis da capital. Segundo ele, mesmo que se crie vagas com a mudança proposta, a administração municipal está ampliando um outro problema, o do remanejamento de estudantes para “um ambiente escolar inadequado estruturalmente e pedagogicamente”.

“Ou seja, não pode o gestor, a pretexto de solucionar um problema, criar outros com evidentes prejuízos à sociedade”, afirmou o conselheiro.

O vereador Mauro Rubem ainda diz que um posicionamento do TCM-GO era necessário de forma urgente, visto que a decisão da secretaria se deu às vésperas do período de matrículas nas redes municipais e que a SME já estaria abrindo vagas considerando o fechamento definitivo destas salas de leitura.

A SME não divulgou o número total de salas de leitura que serão transformadas em salas de aula em 2023, mas diz que é em torno de 50. A decisão vale até que o mérito da denúncia feita pelo vereador seja analisada.

Secretaria Municipal de Educação

Em nota, a SME afirma que as bibliotecas da rede municipal de ensino “não serão fechadas em hipótese nenhuma e que as mesmas continuarão a existir em todas as unidades escolares com seus respectivos acervos de livros, materiais e brinquedos pedagógicos”. 

“Hoje, representantes da SME Goiânia se reúnem com técnicos do TCM para esclarecer e apresentar o planejamento pedagógico e esclarecer que o município já cumpri com o conteúdo da decisão”, afirmou a secretaria.

A pasta também diz que assim como o TCM-GO reconhece a importância das bibliotecas nos ambientes escolares e que segue investindo na aquisição de acervo literário e pedagógico e cita a compra de mais de 400 mil livros para as 173 unidades de ensino da rede municipal.

A SME ainda argumenta que a proposta envolve apenas o remanejamento de algumas salas de leitura e que “os projetos de incentivo à leitura devem ser fomentados em todos os espaços escolares”. 

Confira o relatório:

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