PDT pode compor o governo em ministério, mas Ciro não participará, diz Lupi
Segundo ele, o próprio petista disse que gostaria da participação, mas pediu para aguardar
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que o partido já esteve reunido brevemente como presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que não negociou ministério. Segundo ele, o próprio petista disse que gostaria da participação, mas pediu para aguardar. “Disse que nos chamaria para conversar”, afirmou brevemente ao Jornal O Hoje.
Questionado se o presidenciável Ciro Gomes (PDT) faria parte do governo vindouro, Lupi é direto: “Não fará parte.” O pedestista estava em reunião e conversou brevemente como jornal. Desta forma, manteve as possibilidades em aberto.
O presidente Lula ainda não fechou seus ministérios – de fato, ainda faltam muitos. Em coluna da Folha, na quinta-feira (15), é dito que integrantes do partido de Ciro buscam uma pasta de destaque para garantir o fortalecimento da legenda e disputar as eleições municipais de 2024. Lupi não confirma.
Ainda conforme o jornal, a sigla não pretende pressionar o PT, pois o apoio do PDT não está condicionado a isto. Eles, contudo, acreditam que um ministério aumentaria a força da legenda na esfera nacional. A pasta de Turismo seria uma boa opção.
Eleição
Em 4 de outubro, dois dias após o primeiro turno, o PDT anunciou a candidatura de Lula. Na primeira etapa, Ciro Gomes foi candidato à presidência da República. Ele ficou em quarto lugar, com 3,5 milhões de votos (3%).
Durante reunião da Executiva, à época, Lupi agradeceu Ciro, “que muito nos honrou em levar nossas bandeiras e nossos projetos a todos os cantos do País”, mas ressaltou a situação: “É um momento extremamente delicado que a República passa. Temos um presidente absolutamente incapaz, que deixou milhões de brasileiros à própria sorte, responsável pela morte de mais 700 mil na pandemia. Em 42 anos de história, o PDT jamais deixou de se posicionar nos momentos mais complexos da vida política brasileira, e não será agora que isso irá acontecer.”
Ciro endossou o apoio. Vale lembrar, o presidenciável fez duras críticas a Lula durante a campanha. Ele, inclusive, chegou a chamar o voto útil pedido pelo petista para tentar fechar a conta em primeiro turno de “campanha fascista” – em 2018, o pedetista também fez campanha por voto útil ao citar que só ele poderia vencer Bolsonaro em eventual segundo turno.
Gomes também declarou, durante a campanha, que Lula e Bolsonaro tinham o mesmo projeto econômico. Logo após a decisão do partido, contudo, ele gravou vídeo acompanhando o PDT. “Gravo esse vídeo para dizer que acompanho o partido. Frente as circunstâncias é a única saída.”
Para garantir o apoio do PDT, naquele momento, o PT se comprometeu com três promessas de Ciro: zerar dívidas do SPC, o plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral. “Como sempre fiz, vou fiscalizar, acompanhar e denunciar qualquer desvio do próximo governo”, arrematou Gomes, ao anunciar a posição.
Transição
Ciro pode estar distante dos holofotes, mas tem aliados na equipe de transição. Entre eles, estão dos deputados do PDT do Ceará, Leônidas Cristino e Mauro Benevides. O primeiro está no grupo técnico de Cidades, enquanto o segundo no de Planejamento.
Benevides foi um dos responsáveis pelos programas econômicos de Ciro nas últimas campanhas. Leônidas já foi prefeito de Sobral, celeiro eleitoral da família Gomes. Além deles, também há na transição os deputados pedetistas Wolney Queiroz e André Figueiredo, a senadora Leila Barros, do DF, dentre outros.