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sábado, 23 de novembro de 2024
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TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Sócio de laboratório é preso por emissão de laudos falsos que resultaram em transplantes de órgãos contaminados com HIV

Operação cumpre quatro prisões e 11 buscas após laudos falsificados em transplantes de órgãos contaminados com HIV

Postado em 14 de outubro de 2024 por Thaynara Raquel
Sócio do laboratório é preso por envolvimento em esquema de laudos falsos relacionados a transplantes de órgãos contaminados com HIV./ Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Sócio do laboratório é preso por envolvimento em esquema de laudos falsos relacionados a transplantes de órgãos contaminados com HIV./ Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na manhã desta segunda-feira, um dos sócios do laboratório PCS LAB Dr. Salame, acusado de emitir laudos falsos que levaram ao transplante de órgãos contaminados com HIV. A ação foi durante a operação “Verum”, deflagrada pela Delegacia do Consumidor (Decon). O laboratório fica localizado em Nova Iguaçu.

Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, foi preso sob suspeita de participação no esquema. De acordo com a Polícia Civil, os laudos adulterados, emitidos pelo laboratório, foram usados para enganar equipes médicas que realizaram os transplantes. Como consequência, seis pacientes receberam órgãos contaminados, e um deles morreu, embora a causa do óbito ainda esteja sob investigação.

O laboratório, que também presta serviços para a Central Estadual de Transplantes, teria falsificado laudos para outros procedimentos além dos transplantes, segundo a polícia. As investigações continuam, buscando identificar todos os envolvidos no esquema de fraudes.

Laços com política

O envolvimento do laboratório PCS LAB Dr. Salame levanta ainda mais suspeitas devido a seus vínculos com figuras políticas. Walter Vieira é casado com a tia do deputado federal Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, conhecido como Doutor Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do Estado do Rio. Outro sócio do laboratório, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, também é parente do deputado e já trabalhou na Fundação Saúde. A contratação do laboratório pelo estado, realizada meses após Luizinho deixar a secretaria, está sendo investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), para apurar possíveis irregularidades no processo.

Funcionária nega envolvimento com laudos falsos relacionados ao transplante

Uma das pessoas investigadas na operação, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, aparece como responsável pela assinatura de um dos laudos que atestaram, de forma falsa, que os doadores de órgãos não estavam contaminados com HIV. Em entrevista, Jacqueline negou envolvimento, afirmando que as assinaturas são dela, mas que não é biomédica e que seu nome e registro no Conselho Regional de Biomedicina foram usados indevidamente.

O laboratório PCS LAB Dr. Salame afirmou que Jacqueline se apresentou como biomédica ao ser contratada e forneceu documentos que comprovavam sua qualificação, mas os laudos questionados foram emitidos meses antes da entrega desses certificados.

A operação segue em andamento, com diligências para identificar a extensão das fraudes e todos os profissionais envolvidos no esquema criminoso, que inclui crimes contra as relações de consumo, falsidade ideológica, falsificação de documentos e infração sanitária.

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