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sábado, 23 de novembro de 2024
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Saúde

Contratação de planos odontológicos cresce mais 35% no Brasil desde 2020

Adesão a planos odontológicos aumenta mais de 30% de 2020 a 2024, enquanto desafios no SUS persistem

Postado em 28 de outubro de 2024 por Renata Ferraz
Planos
Foto: Freepik

Nos últimos anos, a saúde bucal no Brasil ganhou destaque, refletindo um aumento significativo na contratação de planos odontológicos. De acordo com um levantamento da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entre junho de 2020 e junho de 2024, a adesão a esses planos cresceu 35,5%, passando de 24,7 milhões para 33,4 milhões de brasileiros. Esse aumento demonstra uma crescente preocupação com a saúde bucal, especialmente em um contexto pós-pandêmico.

Os dados revelam que 71% dos beneficiários utilizam planos coletivos empresariais, sugerindo que as empresas estão reconhecendo a importância da saúde bucal para o bem-estar de seus funcionários. Além disso, o estudo aponta que há um potencial de crescimento de 53,9%, o que poderia elevar o número de beneficiários para 51,4 milhões, equiparando-se ao total de planos médico-hospitalares no país.

Em 2019, o Brasil contabilizou 185,6 milhões de procedimentos odontológicos, isso porque durante o período crítico da pandemia, esse número caiu para 154,3 milhões em 2020. Como um sinal de recuperação, a FenaSaúde registrou um aumento de 27,1% nos procedimentos, totalizando 196,2 milhões no ano passado.

Com palavras de Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, ela explica que a mudança de comportamento dos brasileiros está diretamente relacionada a uma crescente preocupação com a saúde bucal. “Além disso, há a recuperação do poder aquisitivo da população e da atividade econômica no país após a pandemia. Isso tudo, aliado ao baixo custo de um plano odontológico, conduz a esse salto no número de beneficiários, que são um investimento acessível que ajuda a prevenir doenças graves e a aumentar a autoestima com um sorriso completo”, afirma Vera.

Alguns dados mostram um aumento nos principais procedimentos realizados entre 2020 e 2023, como raspagens supra gengivais, que saltaram de 25,9 milhões para 34,7 milhões, e restaurações, que passaram de 14,8 milhões para 17,7 milhões. Consultas iniciais e exames radiográficos também mostraram aumentos significativos.

A adesão a planos odontológicos não é apenas uma tendência, sendo também uma necessidade. Um exemplo é Aline Fernanda, de 30 anos, dona de uma loja de roupas, e mãe de um menino de 6 anos, relata que decidiu contratar um plano em 2023 após perceber que sua saúde bucal e de seu filho estavam tendo pouca atenção, com cáries e gengivite. Além de que o filho dela é uma criança que já está em processo de troca do dente de leite, para o definitivo.

Aline destaca: “Eu achei bem mais cômodo os planos, isso porque meu filho precisa de uma atenção maior, eu também preciso, mas como mãe sempre vou pensar o melhor para meu filho”. De acordo com Aline, ela buscou a adesão de um plano odontológico por entender que o acesso a consultas regulares e tratamentos preventivos poderia melhorar sua saúde.

Perguntada quais eram os procedimentos que ela viu maior benefício depois do plano, ela disse: “A o canal e às limpezas né, eu tenho muito tártaro então eu precisava de fazer limpeza de pelo menos 4 em 4 meses,  eu gastava muito, porque além do procedimento eu precisava pagar a consulta, agora é tudo incluido em uma mensalidade só”. 

Dessa forma, a importância dos cuidados com a saúde bucal como os de Aline e tantos outros milhares  de brasileiros ,se justifica por dados alarmantes, isso porque 21% dos entrevistados pela Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, afirmaram já ter perdido ao menos 13 dentes. Isso representa aproximadamente 34 milhões de brasileiros com idade acima de 18 anos nessa condição, enquanto outros 14 milhões não possuem mais nenhum dente, e conta com próteses dentárias ou nem isso eles têm acesso.

Essa realidade é especialmente preocupante em um país que conta com o maior número de dentistas do mundo, com 415 mil profissionais, sendo 51% deles no Sudeste. O Brasil também abriga algumas das melhores instituições de ensino de odontologia do planeta, como USP, Unesp e Unicamp. O que esses dados têm causado preocupação é o oferecimento desses tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas  que oferecem esses serviços, mas com pouca opção de procedimentos.

Oferta de tratamento odontológico pelo SUS ainda é escassa 

A oferta de tratamentos odontológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é bastante limitada. Muitos cidadãos não têm acesso a um atendimento adequado, o que resulta em uma demanda crescente por planos privados. 

O SUS oferece uma gama reduzida de serviços odontológicos, focando mais em urgências do que na prevenção. Essa situação pode levar a um aumento de problemas dentários não tratados, contribuindo para a deterioração da saúde bucal da população.

Uma das principais limitações enfrentadas por pacientes que dependem do SUS é o acesso limitado aos serviços odontológicos. A disponibilidade de profissionais e a oferta de tratamentos variam amplamente entre as diferentes regiões do Brasil. 

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Em muitos municípios brasileiros, especialmente em áreas rurais ou menos desenvolvidas, o menor número de profissionais resulta em longas filas de espera para consultas. Em algumas cidades,a população pode aguardar meses para serem atendidos, o que acaba ocasionando uma piora nos problemas dentários que poderiam ser resolvidos precocemente.

Além disso, o SUS não cobre procedimentos estéticos, o que significa que tratamentos como clareamento dental ou ortodontia estética estão fora do alcance da maioria dos usuários do sistema. O foco do SUS está em garantir a saúde bucal básica, priorizando o tratamento de cáries, infecções e outras condições que afetam diretamente a saúde e o bem-estar dos pacientes. 

Além disso, a falta de higiene e cuidados bucais pode levar a complicações de saúde sistêmicas, como a endocardite bacteriana, que ocorre quando bactérias presentes na boca entram na corrente sanguínea e podem afetar o coração. 

A falta de atenção com a saúde dos dentes, pode ocasionar graves problemas respiratórios, e se o paciente estiver uma predisposição e outras comorbidades pode ser ainda pior. 

Em grávidas a falta de cuidado com os dentes pode apresentar riscos para mãe e para o bebê, podendo até ocorrer um parto prematuro. Tendo em vista que algumas pesquisas apontam que problemas dentários podem estar conectados com doenças como diabetes, em todos os seus tipos.

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