Mais de 400 mulheres denunciaram abusos de Mohamed Al Fayed
Denúncias contra Al Fayed aumentam após documentário da BBC; mais de 400 vítimas identificadas
Até o momento, mais de 400 supostas vítimas de Mohamed Al Fayed contataram uma equipe jurídica envolvida em um processo de abuso sexual e estupro contra o falecido bilionário egípcio, informou o advogado Dean Armstrong nesta quinta-feira (31). Entre as denúncias, há relatos de abusos que aconteceram em várias propriedades de Al Fayed, incluindo a Harrods, em Londres, e outras ligadas ao seu império.
Um documentário da BBC, exibido em setembro, trouxe novas informações sobre os abusos cometidos por Al Fayed. Segundo o material, o empresário forçava as concessionárias de sua loja de departamentos a realizar exames médicos e ameaçava as vítimas com consequências caso tentassem denunciar os abusos.
Dean Armstrong destacou o crescimento das denúncias e afirmou que “uma grande escalada de abusos perpetrados por Al Fayed, facilitada por aqueles ao seu redor, continua a crescer”. Ele relatou em coletiva de imprensa, em Londres, que o número de vítimas está aumentando à medida que mais pessoas se sentem encorajadas a buscar justiça.
Bruce Drummond, advogado que também representa algumas vítimas, explicou que mais de 400 denúncias foram feitas por mulheres de diversas partes do mundo. Embora a maioria das vítimas seja do Reino Unido, também há denúncias de Estados Unidos, Austrália, Malásia, Espanha, África do Sul e outros países. Para ele, as evidências indicam “um abuso em escala industrial”.
Segundo Drummond, o abuso não ocorreu apenas no Harrods, mas também em outros locais pertencentes ao Al Fayed, como o Fulham Football Club, o hotel Ritz Paris e uma propriedade em Surrey. Drummond informou ainda que as vítimas incluem a filha de um ex-embaixador dos Estados Unidos ao Reino Unido e a filha de um conhecido jogador de futebol. No entanto, ele não revelou os nomes das vítimas.
A Harrods declarou estar “chocada” com as denúncias e divulgou um programa para que funcionários e ex-funcionários possam solicitar indenizações. No entanto, o advogado Armstrong criticou o esquema de indenização, dizendo que algumas vítimas não se sentem confortáveis em buscar peças diretamente com a Harrods, devido ao histórico de abusos ligados à empresa.
Em setembro, após o lançamento do documentário da BBC, várias das vítimas relataram suas experiências publicamente pela primeira vez. Segundo os advogados, muitas mulheres quiseram falar apenas depois da morte de Al Fayed, que aconteceu no ano passado, aos 94 anos.
Outras denúncias de abusos contra Al Fayed já foram surgidas em reportagens de veículos internacionais antes da exibição do documentário, incluindo assuntos da Vanity Fair, ITV e Channel 4. Recentemente, o Financial Times relatou que quatro supostas vítimas foram o esquema de indenização da Harrods, citando possíveis conflitos de interesse e problemas de comunicação com a empresa.
Drummond afirmou que ainda há pessoas da antiga equipe de Al Fayed trabalhando na Harrods, o que torna mais delicado o processo de busca por peças.