PF conclui que assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips foram motivados por direitos indígenas
Vítimas foram atacados enquanto visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, na Amazônia, em 2022
Após quase dois anos e meio de investigações, a Polícia Federal (PF) finalizou o inquérito sobre os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, Amazonas.
Em nota, a PF confirmou que os homicídios estão diretamente relacionados às atividades de defesa ambiental e proteção dos direitos indígenas que Pereira promovia na região, ações que contrariavam interesses locais.
Bruno Pereira e Dom Phillips foram atacados enquanto visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, área com a maior concentração de povos indígenas isolados no mundo. Phillips, colaborador de veículos internacionais como The Guardian e The New York Times, estava coletando informações para um livro-reportagem sobre a Amazônia.
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Embora experiente na região, ele contava com a ajuda de Pereira, indigenista com longa trajetória em defesa dos povos tradicionais e que, à época, estava licenciado da Funai e atuava pela ONG União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
No relatório final, a PF manteve o indiciamento de nove pessoas, incluindo Ruben Dario da Silva Villar, apontado como o mandante dos assassinatos. Segundo as investigações, Villar, conhecido como “Colômbia”, teria fornecido munições e ajudado financeiramente na defesa de Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, primeiro suspeito preso. A PF relata que os demais indiciados tiveram envolvimento direto na execução do crime e na ocultação dos corpos das vítimas.
O que motivou a morte de Bruno Pereira e Dom Phillips
A motivação do crime, segundo a PF, foi a atuação de Pereira contra práticas ilegais na região, que incomodavam grupos locais.
Mesmo afastado da Funai, Pereira seguia na linha de frente da proteção ambiental e indígena, coordenando projetos que fortaleciam a segurança das comunidades tradicionais e a preservação de seus territórios. Essa atuação tornava-se um obstáculo para interesses econômicos que dependem da exploração ilegal dos recursos da região.
A denúncia agora segue para o Ministério Público Federal (MPF), que poderá decidir pela apresentação formal das acusações à Justiça Federal. A PF reforçou que continuará monitorando a situação de segurança no Vale do Javari, em resposta às ameaças persistentes contra os indígenas que habitam a área, onde Pereira e Phillips perderam suas vidas.
Com a conclusão do inquérito, a PF evidencia a complexidade da defesa ambiental na Amazônia, um desafio constante para as comunidades e lideranças indígenas e para aqueles que atuam em prol da preservação e dos direitos humanos na região.