PSDB perdeu ainda mais espaço a partir das eleições de 2024
Em cenário nacional, a redução da sigla caiu quase pela metade. Em 20 anos, o partido perdeu quase 70% das prefeituras. Isso significa que suas lideranças terão, no mínimo, uma situação desafiadora para emplacar nomes em 2026
O PSDB é, inegavelmente, um partido com legado. Historicamente, a sigla foi morada de grandes líderes da política nacional. O partido abrigou Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Mário Covas, Geraldo Alckmin e Marconi Perillo, este último é ex-governador de Goiás e atual presidente nacional do tucanato.
Ao longo de sua história, os tucanos foram os grandes opositores à esquerda, mais precisamente ao PT, liderado há décadas pela figura de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil.
No entanto, o cenário, cada vez mais, tem se revelado um tanto quanto desafiador aos tucanos. A sigla tem se desidratado de maneira substancial. As eleições de 2024 mostraram que o PSDB saiu muito menor do que entrou na disputa. A sigla liderou em quantidade de perdas por todo País.
Os dados consolidados do TSE mostram que o partido perdeu o comando de 249 prefeituras no Brasil. Isso representa um encolhimento de quase 50%, ou seja, quase metade do poderio político que a sigla detinha se viu escapar por entre os dedos.
Há 20 anos atrás o partido tinha 869 prefeituras. Hoje, tem 274. Em outras palavras, significa dizer que de lá para cá o partido perdeu quase 600 prefeituras — foram 595 em números exatos. Se o encolhimento de 2020 para 2024 foi de 48%, de 2004 para 2024 foi de 68%.
Isso significa dizer que suas lideranças possuem, no mínimo, uma situação desafiadora se a intenção é eleger o maior número de lideranças políticas em 2026, quando os eleitores voltarão às urnas para escolher seus próximos deputados, senadores e governadores.
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Em Goiás a situação não foi diferente e os tucanos testemunharam uma desidratação exponencial nos últimos dias. O partido perdeu o controle de 14 prefeituras, ficando com um 1/3 do que tinha até o pleito do mês passado. Agora são apenas sete em meio às 246 cidades do Estado.
Conforme mostrado pela reportagem do O HOJE, tratando-se exclusivamente do território goiano, o PSDB não foi o único que saiu dilacerado do pleito. Partidos como Republicanos e PSD acumularam baixas.
O primeiro deles se movimentou como pôde ao longo dos últimos quatro anos na tentativa de ganhar mais musculatura a partir das eleições de 2024, o que não aconteceu. Pelo contrário, o partido se viu derretido na abertura das urnas, que anunciaram uma redução de 8 para 2 cadeiras em meio às 246 cidades goianas.
O fenômeno, como dito, é real, mas não exclusivo. O PSD também perdeu significativamente em número de prefeituras. A sigla de Gilberto Kassab performou mal. Além de figurar distante dos líderes em número de prefeituras — leia-se: União Brasil, MDB, PP e Pl, respectivamente — ficou atrás de siglas como o recém-criado PRD, Solidariedade e Republicanos.Como se não bastasse, o PSD empatou em número de eleitos com o PT, mesmo em um cenário onde o recorte goiano sugere aversão à política de esquerda.
Às vésperas da votação, um dos principais assuntos nas rodas de conversa sobre a política goianiense passava, por exemplo, pelo passado, presente e futuro do partido. A situação desde o começo do ano já era vista com certa desconfiança.
O temor passava, principalmente, pela possibilidade de Goiânia terminar entre as únicas capitais do país onde o partido, além de não alcançar um número expressivo de prefeituras, poderia ficar sem representação no legislativo. E foi o que de fato aconteceu.