Impacto da eleição americana na relação com o Brasil
A vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump disputam a cadeira da Casa Branca nesta terça-feira
As eleições americanas têm um impacto significativo na política internacional, especialmente em países com fortes laços comerciais e diplomáticos com os Estados Unidos, como o Brasil. O duelo entre Kamala Harris (Democrata) e Donald Trump (Republicano) acontece nesta terça-feira (5) e, os possíveis cenários da relação do estado brasileiro com o futuro presidente americano começaram a ser especulados.
A pauta ambiental é um dos pontos de maior divergência entre os candidatos estadunidenses. Kamala dá fortes indícios de que irá herdar as políticas ambientais do atual presidente Joe Biden. Harris pautou as políticas ambientais em sua campanha e adotou postura favorável ao tema enquanto vice-presidente.
Trump já prometeu reverter medidas ambientais da gestão atual, além de acenar para uma possível saída do Acordo de Paris – assim como aconteceu em sua gestão, em junho de 2017.
Uma eleição de Kamala deve significar o prosseguimento das cooperações entre Brasil e Estados Unidos na pauta. Os países assinaram, em julho, a “Parceria para o Clima”, em um encontro dos ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, no Rio de Janeiro.
Já no cenário em que o republicano vença, os Estados Unidos deve sair de cena na pauta – o que pode significar maior protagonismo brasileiro, já que seria o maior expoente do continente americano engajado no tema.
A relação brasileira com a China também chama atenção de Washington, DC. Trump, assim como foi visto em seu primeiro mandato, deve manter uma postura mais agressiva e combatente ao país asiático, o que pode refletir em uma pressão a respeito da proximidade brasileira com os chineses. Harris, se seguir a linha de Biden, será mais branda, mas não abrirá mão da disputa.
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Os interesses econômicos e políticos dos americanos, nas relações de poder na dinâmica global, transcendem as pautas ideológicas e, seja com Trump, seja com Harris, os americanos irão continuar atentos em como Brasília dialoga com Pequim.
A China, além de principal parceiro econômico do Brasil, rivaliza com os Estados Unidos pelo domínio tecnológico. São as duas principais potências mundiais vigentes e que disputam seu campo de influência ao redor do planeta.
O apoio do presidente Lula a candidatura de Kamala, a poucos dias das eleições, é um sinal de como será o tom da relação do chefe do Executivo brasileiro com o próximo presidente do país vizinho. A vitória da democrata significaria uma relação mais próxima do petista com a Casa Branca.
Se Trump vencer, é provável que o relacionamento se restrinja a formalidades. Além disso, a discordância ideológica coloca Trump e Lula em campos opostos, evidenciado pela proximidade do ex-presidente Jair Bolsonaro com o candidato americano.
Em suma, ambos países mantêm uma relação estável, que dificilmente deve se romper, mesmo que Trump vença o pleito. A parceria econômica deve permanecer, porém o posicionamento em relação à política externa, em conflitos em Israel, Ucrânia e demais países do Oriente Médio, Brasil e Estados Unidos mantém posicionamentos distintos, o que não contribui para uma maior aproximação. (Especial para O Hoje)