Caiado não se preocupa com indiciamento de Bolsonaro: “a vida continua”
Governador goiano é um dos nomes fortes da direita para a presidência da República, em 2026; pelo jeito continuará articulando para disputar o cargo
A política nacional foi abalada, na última semana, com a Operação Contragolpe da Polícia Federal que revelou um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes no pós-eleições de 2022. A trama envolvia não aceitar os resultados das eleições daquele ano e dar um golpe de estado no Brasil.
Questionado, em entrevista, se considera necessária a responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), devido às informações de que figuras próximas estariam envolvidas no suposto crime, o governador Ronaldo Caiado (UB) se esquivou e disse não caber a ele ficar “interpretando”. Mas declarou não estar preocupado com o indiciamento do ex-presidente. “Foi indiciado e daí? A vida continua”, disse. O chefe do executivo goiano articula para ser candidato à presidência da República em 2026 e é um dos nomes fortes da direita para o cargo.
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Caiado disse ser “inadmissível” e “inaceitável”, uma articulação de assassinato de autoridades. Ele é um dos que defende anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Mas declarou que, neste caso, sua proposta não se estende a mentores de planos golpistas.
De acordo com o governador, nunca na vida imaginou que situações (de golpe) como essas fossem cogitadas. “Ganhar e perder eleição é normal, mas o respeito à democracia está acima de tudo”, pontuou. Além disso, Caiado defendeu uma punição exemplar para quem arquitetou o suposto plano. Mas foi categórico ao dizer que aqueles que foram utilizados como massa de manobra, não podem ter a mesma penalização. Ele compara os atos golpistas de 8 de janeiro aos “atos de vandalismo” do Movimento dos Sem Terra (MST), que não tiveram punição.
Caiado citado
Em troca de mensagens analisadas pela Polícia Federal (PF), o general Mário Fernandes, um dos presos por envolvimento em um plano para assassinar autoridades e implementar um golpe de Estado no Brasil, elogiou o governador de Goiás. Em um áudio enviado ao coronel Roberto Raimundo Criscuoli, o general afirmou: “O Caiado é foda, cara”. O material foi obtido durante a Operação Tempus Veritatis, que investigou a articulação golpista.
Na gravação, realizada em 9 de novembro de 2022, o general exalta características de Goiás e faz menções ao agronegócio e às forças especiais. “Esse é o Goiás velho de guerra. Atual terra dos comandos e das forças especiais, porra. Mas também é do agro, né? Essa turma é foda. Mas tem mais é que destruir mesmo. O Caiado é foda, cara. Esse cara, ele aproa um rumo certo de novo, aí de repente faz uma cagada. Aproa o rumo certo e faz uma cagada, e assim ele vai levando”, declarou, demonstrando admiração mista com críticas ao governador.
A conversa também aborda tensões dentro das Forças Armadas, com o general mencionando a insatisfação interna das tropas. No entanto, o relatório da PF não esclarece o contexto completo dos elogios a Caiado ou como eles se conectam às articulações golpistas. O material foi obtido a partir de equipamentos apreendidos pela operação, que segue investigando os responsáveis pelos ataques à democracia.
A operação
A Operação Contragolpe, deflagrada na última semana pela PF, trouxe à tona um plano que, se confirmado, representa uma ameaça direta às instituições democráticas do Brasil.
A investigação aponta para uma trama que envolvia o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando as suspeitas sobre articulações golpistas no período pós-eleitoral de 2022.
Os alvos da operação incluem nomes próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os presos estão o general reformado Mario Fernandes, ex-assessor da Presidência durante o governo Bolsonaro, e três militares com formação em Forças Especiais, os chamados “kids pretos”.