Por que a candidatura de Caiado à Presidência terá Salvador como ponto de partida?
Escolha da capital baiana é vista como a oportunidade de o governador ampliar a sua visibilidade nacional
Em meio às movimentações visando às eleições presidenciais de 2026, o União Brasil já planeja confirmar a pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (UB). O anúncio oficial deve ocorrer em Salvador, em março de 2025.
Não é à toa que a capital baiana foi escolhida para sediar o evento. Salvador pode ser a porta de entrada para Caiado adentrar na região Nordeste, que historicamente sempre foi mais alinhada à esquerda, e que em um possível cenário onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vem perdendo cada vez mais a sua força.
O Nordeste tem um dos maiores colégios eleitorais do país e pode ser um ponto de desequilíbrio para o governador na disputa pelo Planalto daqui a dois anos, visto que, estados como Bahia, Ceará e Pernambuco, possuem um número de eleitores expressivo.
Caiado aposta na segurança
A segurança pública é a principal bandeira de Caiado, sendo um dos pilares de sua gestão em Goiás. Políticas que reduziram índices de criminalidade no estado consolidaram sua imagem de líder forte e estratégico.
Esse tema é particularmente relevante na Bahia, que enfrenta altos índices de violência. Em 2023, o estado liderou em homicídios no Brasil, com 4.848 casos, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Com 34,3 homicídios por 100 mil habitantes, a Bahia registra a maior taxa nacional.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, afirmou que a segurança será central no debate eleitoral: “A pauta da segurança será o principal tema das eleições presidenciais de 2026. Ronaldo Caiado tem um modelo de sucesso implantado em Goiás, que pode servir para o Brasil inteiro.”
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Domínio petista
Nas eleições de 2022, Lula obteve 72,12% dos votos na Bahia, totalizando mais de 6 milhões de eleitores. Para o União Brasil, o objetivo é confrontar diretamente essa hegemonia. Salvador, governada pelo aliado Bruno Reis, é estratégica para impulsionar a candidatura de Caiado e atrair eleitores.
Outro nome importante no movimento é ACM Neto, ex-prefeito da capital e figura central do União Brasil. Neto busca resgatar o legado político do carlismo, um movimento que dominou a Bahia por décadas sob a liderança de Antônio Carlos Magalhães (ACM).
O legado do carlismo
O carlismo foi a força dominante na política baiana por mais de 40 anos. Antônio Carlos Magalhães, com sua habilidade de articulação política e econômica, moldou a história do estado, ocupando cargos como governador, senador e ministro das Comunicações.
Com a morte de ACM em 2007, o carlismo perdeu espaço, mas ainda mantém influência, especialmente em Salvador. ACM Neto modernizou o discurso do grupo, adotando posturas mais moderadas e, em momentos estratégicos, dialogando com antigos adversários, como o PT.
A rivalidade entre o carlismo e o PT marcou a política baiana nas últimas décadas, representando o confronto entre conservadorismo e progressismo. Agora, o União Brasil tenta reviver essa polarização, lançando Caiado como alternativa ao domínio petista.