Pessoas infectadas por HIV no mundo chegam ao menor patamar desde 1990
No entanto, o Brasil registrou um aumento de 17,2% nos casos de infecção por HIV entre 2020 e 2022
Em 2023, o número de novas infecções por HIV no mundo atingiu o menor patamar desde que o monitoramento da doença começou, em 1990, conforme dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). No ano passado, foram registrados 1,3 milhão de novos casos de HIV globalmente, enquanto em 1990 esse número foi de 2,5 milhões. O pico de infecções ocorreu em 1995, com 3,3 milhões de novos casos.
O relatório do Unaids, divulgado em função do Dia Mundial de Combate à Aids comemorado no domingo (1), destaca que os avanços nos serviços de prevenção e tratamento, aliados ao desenvolvimento de novas terapias, têm contribuído para a redução contínua de novas infecções. Medidas como educação sexual, testagem e aconselhamento, campanhas de conscientização, distribuição de preservativos e tratamento da dependência química também desempenham um papel crucial na prevenção do HIV.
No entanto, enquanto o mundo avança, o Brasil registrou um aumento de 17,2% nos casos de infecção por HIV entre 2020 e 2022, segundo o Ministério da Saúde. As regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores crescimentos, com aumentos de 35,2% e 22,9%, respectivamente.
Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, 20.237 novos casos foram registrados no Brasil no primeiro semestre de 2023, mas o número consolidado deve ser divulgado em breve. Em 2022, o país registrou 43.403 novos casos e 10.994 mortes relacionadas ao HIV/Aids. Neste caso, o acompanhamento vitalício das pessoas vivendo com HIV é fundamental para prevenir a evolução para a Aids, estágio mais avançado do vírus. O governo federal tem como meta, por meio do programa Brasil Saudável, eliminar a Aids como uma questão de saúde pública até 2030.
Entre 2007 e junho de 2023, foram notificados 489.594 casos de HIV no Brasil. O perfil etário dos casos também mudou: em 2012, as infecções eram mais comuns em pessoas de 30 a 44 anos, mas em 2022, houve aumento significativo entre jovens de 20 a 29 anos. Grupos como mulheres jovens, homens gays, pessoas trans, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e pessoas privadas de liberdade continuam mais vulneráveis.
Infectologistas apontam que a principal barreira para conter o aumento do HIV nesses grupos é a dificuldade de acesso à informação e às ferramentas de prevenção. É necessário estratégias de comunicação mais direcionadas, feitas por membros das próprias comunidades vulneráveis, como forma de aumentar a eficácia das campanhas.