Vilela insiste em diagnóstico profundo da prefeitura de Aparecida
Prefeito eleito precisa, e sabe disso, de um quadro fiscal minimamente equilibrado para cumprir todas as promessas feitas aos aparecidenses no decorrer de sua peregrinação política na cidade
O recém-eleito prefeito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB), tem defendido com unhas e dentes um diagnóstico profundo da situação do município. O gestor pretende viabilizar um novo estudo técnico já nos primeiros dias de seu mandato. Desde o término das eleições de 2024, o emedebista tem dado sinais de preocupação no que diz respeito à situação fiscal da cidade.
Vilela precisa, e sabe disso, de um quadro fiscal minimamente equilibrado para cumprir todas as promessas feitas aos aparecidenses no decorrer de sua peregrinação política na cidade. Ao passo em que o desejo incessante por informações precisas transparecem sua evidente preocupação, a situação também reflete um compromisso com o controle das contas públicas.
Na semana passada, o gestor foi ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) onde participou de uma conversa com o presidente do órgão, Joaquim de Castro, e os conselheiros Fabrício Motta, Daniel Goulart e Humberto Aidar. Na ocasião, voltou a dar sinais de preocupação.
“Faço questão de receber a orientação do presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, Joaquim de Casiltro, e dos demais conselheiros para fazer uma gestão transparente, eficiente e que entregue resultados para a população”, afirmou na reunião. Na sequência, ele confirmou sua intenção de fazer um diagnóstico profundo da cidade já nos primeiros 40 dias de mandato.
Vilela, que alcançou a vitória por meio de uma virada histórica no município de Aparecida, assume o cargo com a missão de dar continuidade ao legado de seu tio, Maguito Vilela, considerado o melhor gestor que a cidade já teve. Também pesa sob os ombros do político o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Isso dá a ele a missão de zelar pela avaliação positiva que a atual gestão ostenta.
Para isso, a decisão de realizar um diagnóstico detalhado das finanças públicas municipais é visto como um ponto fundamental para que Vilela possa tomar decisões eficazes em seu futuro governo. Isso, na visão das figuras mais próximas e até do próprio prefeito, permitirá identificar áreas de melhoria, otimizar recursos e priorizar investimentos em setores estratégicos para o desenvolvimento local, como educação, saúde, infraestrutura e segurança.
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No que diz respeito a esses pontos, a reportagem do O Hoje mostrou recentemente os principais dados colhidos por meio de um levantamento detalhado da cidade. Os indicadores oferecerem uma visão mais ampla sobre os reais problemas a serem enfrentados a partir do ano que vem, quando assumirá o comando da cidade.
Os dados, elaborados pelo Instituto Aquila, fazem parte do Índice de Gestão Municipal Aquila (IGMA), que avalia cidades de todo o Brasil. A plataforma traz informações estratégicas, voltadas para qualidade de vida e gestão.
Com nota geral de 58,66 em 2023, Aparecida ocupa a 1.693ª posição entre os 5.568 municípios brasileiros e o 52º lugar em Goiás, indicando um desempenho aquém das potencialidades da cidade – o IGMA classifica Aparecida como cidade “em desenvolvimento”.
Indicadores
Vilela tem colocado a saúde e educação como prioridade no início de seu governo – e com razão. De acordo com o Instituto Aquila, a nota em Educação do município, que já não era boa, caiu de 51,46 em 2022 para 48,02 em 2023, colocando Aparecida na 3.605ª posição nacional.
Isso são apenas dados concretos sobre problemas já conhecidos: cerca de 5 mil alunos do ensino fundamental enfrentam risco de ficar sem vagas escolares, enquanto o déficit nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) ultrapassa 10 mil vagas, segundo o prefeito eleito.
Na Saúde, o cenário é ainda mais alarmante. Mesmo com um pequeno avanço de 42,58 para 44,32, entre 2022 e 2023, a cidade ocupa o 4.415º lugar no ranking nacional e o 198º no estadual. A Secretaria Municipal de Saúde tem tido dificuldades para manter-se em dia com a rede conveniada.
O atraso de mais de R$ 30 milhões nos repasses ao Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) é apenas um deles. Apenas para comparar, Goiânia, que também enfrenta uma crise na área ainda mais grave, apresenta nota superior, com 48,71.
Governança, Eficiência Fiscal e Transparência são outras áreas em que Aparecida precisa melhorar. Apesar de uma ligeira recuperação de 54,26 em 2022 para 54,94 em 2023, o desempenho está muito aquém da nota de 67,70 registrada em 2020. Vilela terá como desafio fortalecer a administração e aprimorar a transparência no uso dos recursos públicos.
Por outro lado, os dados também revelam áreas que tiveram bom desempenho e que precisam ser reconhecidas. Infraestrutura e Mobilidade Urbana, por exemplo, é a melhor nota registrada pelo município no IGMA – 75,76 e 20ª posição no ranking estadual. A Sustentabilidade também aparece como um ponto forte, com nota de 74,84 e 6º lugar entre as cidades goianas.
O Desenvolvimento Socioeconômico e a Ordem Pública apresentaram melhora, com a nota subindo para 54,08, mas a posição 2.594 evidencia que ainda há muito a ser feito. Em Goiás, a cidade da região metropolitana aparece em 140º lugar.
O prefeito eleito esteve em Brasília para buscar recursos e financiamentos para a cidade. Durante um de seus dias na capital federal, ele visitou o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), dos Brics, e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e também participou de encontros com a bancada goiana no Congresso Nacional. O político embarcou rumo à capital federal em busca de recursos.