O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
PublicidadePublicidade
Saúde Pública

SUS registra crescimento de 49% nos exames de Retina

Esse aumento nos exames de retina realizado pelo SUS reflete a necessidade dos cuidados com a visão que evitam a cegueira

Postado em 11 de dezembro de 2024 por Renata Ferraz
Retina
Foto: Divulgação | SGO

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento significativo na realização de exames oftalmológicos voltados à prevenção de doenças da retina. Essa evolução, liderada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), reflete um marco importante na saúde pública e na conscientização da população. Em 2023, quase 12 milhões de exames foram realizados, representando um crescimento expressivo de 49,5% em comparação a 2019. Os números, que seguem em alta, mostram como o acesso aos cuidados oftalmológicos está transformando vidas e prevenindo complicações graves.

Até agosto de 2024, mais de 9 milhões de exames já haviam sido realizados, apontando para mais um possível recorde anual. A análise detalhada desses números demonstra que os avanços não se limitam à quantidade, mas também à diversidade de procedimentos e ao alcance em diferentes faixas etárias e regiões. Este aumento evidencia uma maior conscientização sobre a importância da prevenção de doenças como retinopatia diabética, hipertensão ocular e outras condições graves que afetam a retina.

De acordo com a oftalmologista Dra. Luciana Barbosa, os exames de retina desempenham um papel essencial não apenas para detectar doenças oculares, mas também para identificar problemas sistêmicos. “Muitas doenças que afetam o organismo, como diabetes, lúpus e hipertensão, deixam sinais visíveis na retina. Isso faz do exame oftalmológico uma ferramenta crucial para o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações graves”, explica ela.

Os procedimentos mais utilizados no SUS incluem mapeamento de retina, retinografia colorida e fluorescente, além da biomicroscopia de fundo de olho. Essas técnicas permitem observar em detalhes o estado da retina e dos vasos sanguíneos do olho, possibilitando a identificação de alterações precoces.

O oftalmologista Dr. Ícaro Calafiori compara o funcionamento do olho ao de um relógio: “Se a retina, que é como a máquina do relógio, sofre algum dano, o impacto pode ser irreversível. Por isso, prevenir doenças que afetam a retina é tão importante. Felizmente, temos avançado muito na detecção precoce, graças à ampliação do acesso a exames pelo SUS.”

O crescimento no número de exames realizados tem sido impulsionado por ações do SUS que priorizam a saúde ocular. Entre as iniciativas mais notáveis está o mutirão “GO Contra o Diabetes”, realizado em 2024 em Goiás, que atendeu mais de 2.500 pacientes em apenas um dia. Campanhas como essa têm ampliado o alcance dos serviços oftalmológicos, especialmente entre populações mais vulneráveis.

Além disso, o SUS tem investido em estratégias preventivas que incluem exames de retina em recém-nascidos e monitoramento contínuo ao longo da vida. A Dra. Luciana explica que os testes devem ser realizados em várias etapas da infância, adolescência e da vida adulta. “O ideal é que as crianças sejam avaliadas logo ao nascer, depois aos 12 meses, entre 3 e 5 anos, e assim por diante, até a idade adulta, quando o exame deve ser anual a partir dos 40 anos”, afirma.

Os hospitais de referência, como o Banco de Olhos e o Pronto-Socorro de Goiás, têm sido fundamentais para atender à crescente demanda. Essas instituições não apenas oferecem diagnósticos rápidos e precisos, mas também encaminham pacientes para tratamentos especializados.

A Nail Design  Franciele Morais, de 35 anos, moradora de Inhumas é um exemplo do impacto positivo dessa expansão. Ela procurou atendimento no SUS por causa de coceira constante e visão turva. Durante o exame de retina, foi identificado um problema na córnea que poderia ter evoluído para complicações mais sérias se não fosse tratado a tempo.

“Eu sempre achei que era algo simples, talvez uma alergia, porque eu uso óculos há mais de 20 anos e meu grau estabilizou. Mas eu nunca imaginei que um exame de retina pudesse detectar algo tão sério,  estou em tratamento, mas fiquei muito assustada com o diagnóstico, a parte boa foi que descobriram antes de ficar tão grave”, relata Franciele

O Dr. Ícaro destaca que, embora o Brasil tenha avançado no acesso a exames, ainda há desafios. “A retina é uma estrutura muito sensível. Se identificarmos alterações, como inchaços ou atrofias, temos a chance de prevenir danos maiores. Mas, infelizmente, ainda não temos transplantes de retina, o que torna o diagnóstico precoce essencial”, afirma.

A tecnologia também tem sido uma aliada importante nesse processo. Exames modernos, como a tomografia de coerência óptica (OCT), permitem analisar a retina em alta resolução, praticamente como uma biópsia virtual. “Hoje, conseguimos identificar alterações mínimas na retina sem precisar de procedimentos invasivos. Isso tem ajudado muito a salvar a visão de pacientes em todo o país”, diz o especialista.

O avanço da saúde ocular no Brasil

Os números crescentes de exames oftalmológicos não são um fenômeno isolado. Eles refletem um movimento contínuo nas últimas décadas, onde a saúde ocular tem ganhado espaço nas políticas públicas e na agenda de saúde preventiva. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2004, o SUS realizou cerca de 2,5 milhões de exames de retina. Já em 2014, esse número saltou para 5,8 milhões, evidenciando uma tendência de crescimento exponencial.

Esse aumento pode ser atribuído a campanhas de conscientização e a investimentos em tecnologia e capacitação de profissionais. O desenvolvimento de novos equipamentos e técnicas, aliado à descentralização do atendimento oftalmológico, permitiu que regiões antes desassistidas tivessem acesso a cuidados especializados.

A Dra. Luciana Barbosa ressalta que o cenário atual é resultado de décadas de esforço. “Cada avanço foi construído com muito trabalho e dedicação. Hoje, colhemos os frutos, mas ainda há muito a ser feito. Nossa meta é garantir que ninguém fique sem acesso a esses exames essenciais”, afirma.

A história dos últimos 20 anos também destaca como a saúde pública pode transformar vidas. Em 2004, doenças como a retinopatia diabética eram responsáveis por uma parcela significativa de casos de cegueira evitável. Com a ampliação dos exames, essa realidade começou a mudar. “O Brasil é um exemplo de como investir em prevenção salva vidas e reduz os custos com tratamentos mais complexos”, conclui o Dr. Ícaro.

Leia mais: Distúrbios alimentares podem comprometer a saúde óssea

Com mais de 12 milhões de exames realizados em 2023 e a perspectiva de ultrapassar esse número em 2024, o Brasil está consolidando uma nova era na saúde ocular. A combinação de tecnologia, políticas públicas eficazes e conscientização da população promete um futuro mais promissor para a visão dos brasileiros.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também