Centrão se afasta de Lula e pressiona por reforma ministerial
Partidos insatisfeitos com o governo buscam mais espaço para fortalecer apoio em 2026
O governo Lula tem enfrentado um cenário turbulento no que diz respeito às suas alianças políticas. O “Centrão”, um bloco de partidos que tem sido essencial para a sustentação da base governista, começa a demonstrar sinais claros de insatisfação.
Assim, surge o debate sobre uma reforma ministerial, que pode ser anunciada nos primeiros meses de 2025, com o objetivo de atender a demandas desses aliados e fortalecer o apoio à reeleição de Lula em 2026.
A principal motivação por trás dessa reforma seria o rearranjo de cargos e a acomodação de interesses de partidos que são vitais para o governo.
Entre eles, se destacam siglas como o União Brasil e o PSD, que, apesar de estarem na base do governo, começam a se afastar gradualmente do projeto de reeleição do presidente.
UB quer mais espaço
O União Brasil tem mostrado crescente descontentamento com o governo Lula, especialmente em relação ao tratamento dado a seus membros e à falta de reconhecimento nas decisões do Planalto.
Um dos principais nomes do partido, o deputado Elmar Nascimento, líder da sigla na Câmara, tem se destacado por negociar uma maior aproximação com o governo. Embora tenha sido inicialmente vetado para um ministério devido ao seu histórico de oposição, a situação parece ter mudado.
Com a expectativa de que o União Brasil exerça um papel mais relevante, Nascimento pode ser nomeado para uma pasta no futuro próximo.
Esse movimento parece ser uma tentativa de fortalecer a aliança com o partido e, ao mesmo tempo, evitar uma neutralidade que poderia prejudicar o projeto eleitoral de Lula em 2026.
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PSD exige mais
O PSD, presidido por Gilberto Kassab, tem exercido grande pressão sobre o governo, especialmente no que se refere ao espaço ocupado no Executivo.
A sigla, que elegeu o maior número de prefeitos nas últimas eleições municipais, busca agora expandir sua participação nas decisões políticas de Brasília.
A insatisfação é clara, especialmente após a votação de projetos do pacote fiscal, em que o apoio dos deputados do PSD foi abaixo das expectativas do Planalto. Para conter esse descontentamento, a reforma ministerial se apresenta como uma solução possível.
A sigla também espera ver o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vinculado ao partido, ser alocado em um ministério estratégico após sua saída da presidência do Congresso, em fevereiro de 2024.
PP é dúvida
Outro partido que faz parte da base governista, mas que também mantém uma postura cautelosa, é o PP. A legenda, liderada por Arthur Lira, presidente da Câmara, tem se mostrado resistente ao projeto de reeleição de Lula, o que reflete um cenário de incerteza para o governo.
Lira, embora tenha sido uma peça-chave nas articulações do governo até o momento, não parece disposto a se comprometer de forma mais enfática com a reeleição de Lula.
Reforma ministerial
A reforma ministerial de Lula é vista como uma resposta à crescente insatisfação de partidos centristas, mas também como uma forma de garantir apoio para as eleições de 2026.
Com a possibilidade de ajustes nos ministérios, especialmente nas pastas com maior visibilidade política, o governo busca renovar suas alianças e fortalecer sua base de apoio.
A Secretaria de Comunicação Social, comandada por Paulo Pimenta, é uma das mais criticadas no governo, e sua possível substituição é um dos pontos em destaque dessa reforma.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, também tem sido alvo de críticas, embora ainda mantenha a confiança de Lula.