Cartas revelam que Einstein, além de gênio, era romântico
As cartas de amor, publicadas em 2018, mostram um lado romântico de Einstein, demonstrando que ele era, acima de tudo, um ser humano, com as mesmas fraquezas e paixões que qualquer outra pessoa
Albert Einstein (1879-1955), físico alemão nascido em Ulm, teve uma trajetória científica marcada por momentos de grande inovação. Em 1896, ingressou no Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, e, aos 26 anos, publicou sua famosa teoria da relatividade especial, que revolucionou as concepções sobre tempo e espaço, desafiando a física newtoniana. Embora tenha feito contribuições fundamentais para a Física, foi premiado com o Nobel de Física em 1921, não pela relatividade, mas pela explicação do efeito fotoelétrico, o que abriu caminho para o desenvolvimento das células fotovoltaicas.
A busca por suas motivações para tantos feitos levou à descoberta de uma coleção de cartas de amor que o físico trocou ao longo de sua vida. No último leilão da Christie’s, realizado em Londres, foi possível acessar parte dessa correspondência, com destaque para o historiador da ciência Jürgen Renn, que estudou as cartas entre Einstein e sua primeira esposa, Mileva Marić, de 1897 a 1903.
Renn, coeditor dos Collected Papers of Albert Einstein (1986-1992), destaca o conteúdo único dessas cartas, que não se limitavam a declarações românticas, mas também abordavam temas científicos de grande importância, especialmente durante os anos mais criativos de Einstein.
As cartas
Foi no Instituto Politécnico de Zurique que Einstein conheceu Mileva, uma talentosa estudante de física da Sérvia, em 1896. A conexão entre os dois foi imediata, e juntos, desenvolveram uma relação que combinava ciência e afeto.
As cartas revelam um Einstein muito mais íntimo, com declarações apaixonadas para Mileva, como aquela de 1901, em que ele escreve: “Eu gosto de ti, minha doce garota […] Como foi lindo a última vez em que pude apertar contra mim tua amada pessoinha, como a natureza manda; recebe meu beijo mais carinhoso, alma querida!”. Esse período foi decisivo para o casal, que, em 1903, casou-se e teve três filhos. No entanto, o casamento não sobreviveu aos desafios, e, em 1914, Einstein pediu o divórcio, concedendo a Mileva o prêmio em dinheiro do Nobel. “Tu vais renunciar a todas as relações pessoais comigo. Não deves nem esperar carícias da minha parte, nem me fazer qualquer tipo de acusações.”
Com a mudança para Berlim, Einstein encontrou uma nova parceira, Elsa Löwenthal, prima de segundo grau, com quem se casou após o fim de seu primeiro casamento. O relacionamento com Elsa era marcado por um tom mais ríspido, com críticas sobre a falta de higiene pessoal de Einstein, mas também por uma convivência sincera. Embora o físico tivesse uma vida amorosa agitada, com casos durante suas viagens acadêmicas e mesmo em Berlim, a figura de Elsa permaneceu central até sua morte, em 1936.
Porém, a figura de Einstein não era apenas a do gênio da física. Ele também era um homem com sentimentos intensos e um grande amor pela ciência, pela amizade e pelas mulheres. As cartas de amor, publicadas em 2018, mostram um lado romântico de Einstein, demonstrando que ele era, acima de tudo, um ser humano, com as mesmas fraquezas e paixões que qualquer outra pessoa.