O presidente da Câmara de Vereadores de Valparaíso de Goiás, Alceu Gomes (União Brasil), foi afastado do cargo por determinação judicial após uma ação do Ministério Público de Goiás (MPGO). A decisão, emitida pelo juízo da 2ª Vara Criminal do município, foi tomada em meio a graves suspeitas de abuso de autoridade e supressão de documentos públicos, apuradas na Operação Má Influência. A investigação aponta possíveis irregularidades em licitações e condutas administrativas na Câmara Municipal.

Mesmo diante das acusações e do afastamento, Alceu Gomes continua atuando nos bastidores da política local. Fontes próximas indicam que ele busca garantir um espaço no governo do prefeito eleito Marcus Vinícius (MDB). A articulação incluiria a criação de uma nova Secretaria de Transportes, que poderia ser entregue a Alceu como forma de retribuir seu apoio durante as eleições municipais.

A possibilidade, no entanto, gera polêmica e coloca Marcus em uma situação delicada. Para analistas políticos, nomear Alceu em meio às investigações seria um risco significativo para a imagem do novo prefeito e poderia minar sua promessa de gestão transparente.

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Ao Jornal O Hoje, a vereadora Cláudia Aguiar (PSDB), autora da denúncia que deu início às investigações, criticou a possível nomeação de Alceu. “Como um prefeito pode colocar alguém acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no secretariado? Isso é um tiro no pé”, afirmou. Mas,a parlamentar acredita que o prefeito eleito não o acolherá. “Pelo que conheço do Marcus Vinícius, ele não vai querer o Alceu”, pontuou.

Revés político e disputa pela presidência da Câmara

O afastamento de Alceu Gomes é visto como um duro golpe em seu grupo político, que vinha dominando o cenário local há anos. Sua derrota na tentativa de reeleição, aliada à perda de aliados como Plácido Cunha (PDT), ex-presidente da Câmara, é interpretada como um sinal claro de enfraquecimento. Nunca antes um presidente da Câmara havia sido derrotado nas urnas em Valparaíso, o que reforça a gravidade do momento.

Nos bastidores, a disputa para definir o próximo presidente da Câmara já começa a se intensificar. Nomes como Afrânio Pimentel (UB) e Dona Maria do Monte (UB) surgem como candidatos com experiência e credibilidade. Por outro lado, Walison Lacerda (MDB) também desponta como favorito, especialmente por contar com o apoio de figuras como Flávio Cunha, Alceu Gomes e Plácido Cunha. Para Cláudia Aguiar, a eleição de Walison representaria “a continuação da corrupção na Câmara”, uma vez que ele estaria alinhado ao grupo investigado.

O afastamento

O afastamento de Alceu ocorreu após uma série de ações consideradas irregulares pelo MP. No dia 5 de dezembro, apenas dois dias após a Operação Má Influência, ele emitiu a Portaria nº 203/2024, antecipando o recesso legislativo. A justificativa era a conclusão da votação da Lei Orçamentária Anual (LOA). Contudo, o MPGO argumentou que a medida violou a Lei Orgânica Municipal e o Regimento Interno da Câmara, que determinam o início do recesso apenas em 16 de dezembro.

No dia seguinte, surgiram relatos de que documentos estavam sendo retirados da sala da Presidência, levantando suspeitas de tentativa de ocultar ou destruir provas relacionadas à investigação. O Ministério Público solicitou medidas cautelares, baseadas no artigo 319 do Código de Processo Penal. A Justiça acolheu o pedido e determinou o afastamento de Alceu pelo prazo de 90 dias, além de proibi-lo de acessar a Câmara ou se ausentar da comarca.

O caso de Alceu Gomes revela uma crise política que atinge não apenas o legislativo, mas também a nova gestão municipal que se inicia com Marcus Vinícius. A nomeação dessas figuras pode fragilizar o prefeito eleito, que prometeu romper com as práticas do passado.