Entenda como Karine Gouveia driblava a fiscalização para executar procedimentos que só poderiam ser feitos por médicos
Pacientes, particularmente os de baixa renda, desenvolveram várias sequelas devido às intervenções realizadas.
Nesta quarta-feira (18), a Polícia Civil divulgou detalhes sobre o esquema utilizado pela empresária Kamile Gouveia para burlar fiscalizações e realizar procedimentos estéticos sem mão de obra especializada ou equipamentos adequados.
Segundo o delegado Daniel Oliveira, que lidera as investigações, a maioria das vítimas buscou a clínica para intervenções na região do nariz. Entre os problemas relatados estão cicatrizes, lesões e, em casos mais graves, necrose.
As autoridades revelaram que a clínica localizada em Goiânia tinha autorização da vigilância sanitária apenas para procedimentos minimamente invasivos relacionados à estética. No entanto, para escapar da regulamentação, Kamile anunciava intervenções como rinoplastias e alectomias – que devem ser realizadas exclusivamente por médicos – sob o nome de “reestruturação nasal HD”.
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Essa estratégia de disfarce impedia que órgãos como o Conselho Regional de Medicina (CRM) fossem alertados sobre a prática ilegal.
Prisões e riscos à saúde
Na manhã desta quarta-feira, Kamile Gouveia, seu marido Paulo César, e dois funcionários da clínica foram presos após 24 vítimas denunciarem irregularidades nos procedimentos.
Laudos médicos apontaram que substâncias de uso restrito, como o PMMA, foram aplicadas nas intervenções. O uso desse material, proibido para fins estéticos, está associado a complicações graves, como necrose, cegueira e embolias, podendo até levar à morte.
A investigação segue em andamento para identificar outras possíveis vítimas e ampliar as responsabilidades criminais dos envolvidos.