A correta separação do lixo é crucial não só para a proteção do meio ambiente, mas também para assegurar a proteção dos trabalhadores envolvidos na recolha de resíduos. Embora o assunto seja de grande importância, muitos garis e catadores ainda lidam com riscos cotidianos devido ao descarte impróprio de materiais cortantes, como vidros partidos.

O coletor Natalino Gomes da Costa, ressalta sobre a dificuldade que tem com esses lixos que possuem materiais cortantes: “A maioria das pessoas embala bem o lixo, mas sempre tem aqueles que deixam vidros ou outros objetos cortantes soltos nas sacolas. Isso aumenta muito o risco para nós “, relata.

Almir Barbosa de Oliveira, coletor que trabalha há três meses no consórcio Limpa-Gyn. Segundo ele, a rotina exaustiva de coleta nas ruas, avenidas e becos da cidade torna o problema ainda mais desafiador. “A gente tem que pegar com cuidado, porque se for rápido demais, corre o risco de se machucar.”

Para minimizar esses riscos, os trabalhadores contam com equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, que ajudam a impedir o contato direto com materiais perigosos. No entanto, o uso dos EPIs não elimina completamente o risco de acidentes, especialmente quando os resíduos são descartados de forma inadequada.

Recentemente, dados do consórcio Limpa-Gyn, em parceria com a Companhia de Urbanização (Comurg), revelaram números alarmantes sobre os acidentes envolvendo materiais cortantes. Nos últimos seis meses, mais de 60 coletores de lixo se feriram ao lidar com resíduos domiciliares, sendo que, em um período de quatro meses, 20 desses profissionais precisaram de atendimento médico devido a cortes causados ​​por materiais perigosos. Esses incidentes não apenas prejudicam a saúde dos trabalhadores, mas também comprometem a eficiência do serviço de coleta urbana, uma vez que os feridos precisam de tempo para se recuperarem e retornarem ao trabalho. Em muitos casos, esses acidentes geram atrasos na rotina de limpeza urbana, impactando diretamente a qualidade dos serviços prestados à população.

Para evitar acidentes, especialistas recomendam pequenos ajustes no descarte de itens perfurocortantes:

• Vidros inteiros: Devem ser colocados em sacos plásticos separados ou, preferencialmente, em caixas de papelão.
• Vidros quebrados: Podem ser embrulhados em jornal grosso ou colocados dentro de garrafas PET ou embalagens Tetra Pak, sempre sinalizando que o conteúdo é cortante.
• Outros objetos cortantes (como lâminas ou seringas): O ideal é embalá-los de forma segura, identificando o pacote.

Esses cuidados são fundamentais para evitar acidentes e proteger tanto os profissionais da limpeza quanto a população em geral. Embora muitos materiais cortantes possam ser reciclados, é crucial que eles sejam separados do lixo comum e descartados corretamente, para que sejam descartados junto com materiais recicláveis, como plásticos, metais e papéis, que são destinados à coleta seletiva. O objetivo é garantir que o processo de separação e coleta de resíduos seja seguro e eficiente, beneficiando não apenas o meio ambiente, mas também os trabalhadores responsáveis ​​por esse serviço essencial.

Almir Barbosa de Oliveira, que também destaca o impacto desses acidentes na rotina dos trabalhadores, afirma: “O pior de tudo é um funcionário se machucar. Isso é o que a gente não quer de jeito nenhum”. A preocupação de Almir reflete o desejo de todos os profissionais da área: que o trabalho de coleta de lixo seja feito de forma segura, sem riscos desnecessários. Cada atitude responsável no descarte de resíduos contribui para a proteção desses profissionais e garante que a limpeza urbana seja realizada sem percalços.

A conscientização sobre a correta separação do lixo deve ser um esforço coletivo. Além de reduzir os impactos ambientais, ela também garante a proteção de quem se dedica a manter as nossas cidades limpas e organizadas. Atitudes simples, como a separação de materiais cortantes e o uso adequado de embalagens, podem salvar vidas e transformar a rotina dos trabalhadores da coleta de lixo, tornando suas tarefas mais seguras e menos desafiadoras. Ao adotar essas práticas, todos estão protegidos para a construção de um ambiente mais seguro, tanto para os profissionais quanto para a limpeza para a comunidade em geral.