Goiás será contraponto na possível fusão do MDB com PSDB
Principal emedebista goiano, Daniel Vilela mantém relação conflituosa com Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB
O futuro do PSDB é o assunto mais quente da crônica política. A sigla que entre o final dos anos 90 e até o começo da última década protagonizou a política brasileira passou por um processo de encolhimento, resultado da perda de expressão da legenda nos últimos anos. O partido que já esteve na Presidência da República nos mandatos de Fernando Henrique Cardoso e foi vencedor de todas as eleições para o governo de São Paulo entre 1994 e 2022, nos dias atuais amarga uma relevância tímida no cenário político.
Com isso, o destino dos tucanos parece certo: a fusão partidária. Atualmente, o PSDB tem conversas avançadas para ser incorporado ao PSD de Gilberto Kassab, porém, o MDB tem articulado para driblar as negociações. A história dos tucanos se confunde com a dos emedebistas, já que o PSDB foi criado a partir de uma cisão do MDB em 1988. A junção dos partidos significaria uma volta do casamento que acabou no século passado, e a política goiana deverá ser o contraponto em toda essa história.
Vice-governador, Daniel Vilela é presidente do MDB em Goiás e o principal nome do partido no Estado. Enquanto isso, o ex-governador Marconi Perillo é o presidente nacional do PSDB e está na linha de frente das negociações que envolvem os tucanos. Porém, a relação de Vilela e Marconi é conflituosa e tende a ser um dos empecilhos da fusão dos dois partidos.
Marconi é o principal opositor do bem avaliado governo de Ronaldo Caiado (União Brasil) em Goiás. Vilela é o sucessor natural de Caiado e nome certo para a disputa do governo do estado em 2026. A possibilidade de Perillo disputar o governo nas próximas eleições acirra ainda mais os ânimos entre o emedebista e o tucano. O cenário em que Daniel e Marconi são correligionários é quase inimaginável, e a possibilidade de fusão entre as siglas dos políticos promete muitas rodadas de negociações.
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Além disso, a cúpula do PSDB discute uma retomada do protagonismo nacional e uma possível candidatura à Presidência da República, e sabe que isso só acontecerá caso se una a um partido relevante nacionalmente. Eduardo Leite, governador tucano do Rio Grande do Sul, trabalha em um projeto político visando a candidatura ao Planalto em 2026. Para isso, os tucanos devem propor que a sigla que irá aglutinar o PSDB concorde com a candidatura à presidência, o que dificulta ainda mais a relação com o MDB em Goiás.
Não existem rumores de uma possível candidatura emedebista à presidência nas próximas eleições, diferente do PSD, no qual o nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior, é constantemente colocado como um possível candidato. Caiado já expôs, em mais de uma oportunidade, sua intenção de disputar o Executivo federal e, em Goiás, o MDB é o principal aliado do União Brasil.
Além de aliados, a relação de Vilela com Caiado simboliza a aliança dos partidos em Goiás. Um cenário em que os líderes nacionais do MDB – leia-se Baleia Rossi, deputado federal e presidente nacional do partido, a ministra Simone Tebet e o ex-presidente Michel Temer – apoiem uma candidatura própria após a fusão do MDB, impactaria diretamente na relação com os emedebistas goianos, visto que a candidatura de Caiado à presidência e Vilela ao governo de Goiás, com um apoiando o outro, é inevitável. (Especial para O Hoje)