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sábado, 25 de janeiro de 2025
Conceitos

Historiador explica extrema-direita, fascismo e nazismo 

Temas têm estado nos holofotes nos últimos anos, mas ganharam força após um gesto polêmico do bilionário Elon Musk na posse de Trump

Postado em 25 de janeiro de 2025 por Francisco Costa
Elon Musk foto Reprodução YouTube
Elon Musk foto Reprodução YouTube

No dia da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o bilionário Elon Musk gerou polêmica ao fazer um movimento que foi comparado a uma saudação nazista. O empresário rejeitou as críticas e classificou como ataque “cansado”, mas o tema ganhou as redes e o debate.

Enquanto veículos diversos tentaram analisar o gesto de Musk, o Jornal O HOJE procurou um historiador para esclarecer acerca de nazismo, fascismo e extrema-direita, temas tão falados nos últimos anos. José Luciano Pereira Neto trabalhou no mestrado com a formação e independência dos movimentos de libertação na África portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) e a relação teórica na formação dos movimentos junto ao Partido Comunista Português e faz doutorado em História Social pela USP.

Ele explica que a extrema-direita não é necessariamente fascista, mas pode se aliar ao movimento em determinados momentos políticos. “A diferença está no limite que o fascismo está disposto a chegar na instrumentalização da ciência usada para matar.”

Ainda sobre esse espectro, trata-se de um movimento de classe de ordem capitalista com o intuito de combater o comunismo e sua inserção nas classes trabalhadoras – manter a ordem do capitalismo, com trabalhadores desorganizados e sem capacidade de mobilização. Pode atuar dentro da “ordem democrática” ou tomar o poder pela força.

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Acerca do fascismo, Luciano deixa claro que o termo enquanto movimento foi destruído no final da Segunda Guerra. “No entanto, não foi destruído enquanto forma social de organização. Seus conceitos, ideologia, sobreviveram ao longo do tempo. O que aconteceu é que essa ideologia evitava subir à superfície em embates claros. Obviamente, por conta de seus inúmeros crimes durante a Segunda Guerra, logo seus defensores preferiram meios subterrâneos de propagar suas práticas autoritárias.”

Ele cita como características o autoritarismo de Estado, a violência, além de uma posição antidemocrática, anticomunista e antiliberal. Outro ponto é a visão mecanicista da sociedade – considera o Estado como uma máquina artificial, criada para proteger as liberdades dos indivíduos -, mas com controle rígido do Estado. E, por fim, a perseguição de minorias, o que inclui imigrantes, comunistas, judeus, gays, ciganos, etc.

O fascismo ainda possui uma estrutura com eixo horizontal, com a cooptação de estruturas históricas (igreja e exército); e um vertical, mais moderno, que coopta fenômenos democráticos atuais, como sindicatos e partidos políticos. Também faz parte do movimento o monumentalismo, ou seja, construções gigantes, passeatas recorrentes, perseguição de inimigos e mais. 

Sobre o nazismo, o historiador diz se tratar de um tipo de fascismo, contudo, com uma corrente eugenista que defende a eliminação física de raças consideradas inferiores. “O fascismo e o nazismo são essencialmente uma mesma coisa. É correto dizer que o nazismo é um fascismo, com o agravante de uma corrente eugenista.”

O também professor fez questão de ressaltar ter se baseado em autores como João Bernardo, Hannah Arendt, Élisabeth Roudinesco e Nildo Viana para comentar o tema. Durante o mestrado e agora no doutorado, ele estudou revoluções do século XX, com foco na Revolução dos Cravos em Portugal (1974-1975).

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