Menos de 2 anos depois, Alego troca caminhonetes por SUVs de luxo; “’malas molhavam na carroceria”
Justificativa é que os veículos possuem apenas cinco lugares, e as malas precisam ser transportadas na carroceria, expostas à chuva e à poeira, o que seria inadequado para as viagens
Menos de dois anos após adquirir 42 caminhonetes Ford Ranger 4×4 para atender aos deputados estaduais, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) anunciou a compra de 42 SUVs de grande porte. A justificativa é que as caminhonetes, adquiridas em maio de 2023 por R$ 9,3 milhões, não atendem adequadamente às necessidades dos parlamentares. Segundo a Alego, os veículos possuem apenas cinco lugares, e as malas precisam ser transportadas na carroceria, expostas à chuva e à poeira, o que seria inadequado para as viagens pelos diferentes territórios do estado.
O novo edital, publicado na quinta-feira (30), prevê a compra de SUVs zero quilômetro ao custo total de R$ 16,8 milhões com cada unidade custando R$ 397 mil, além de R$ 214 mil para o seguro da frota. O pregão eletrônico será realizado no dia 17 de fevereiro, com foco na modalidade de menor preço. A Alego justifica a aquisição como uma medida para modernizar a frota, garantindo maior segurança, conforto e eficiência no transporte dos deputados.
Caminhonetes serão repassadas a prefeituras
A frota atual de 41 caminhonetes, composta por modelos Ranger, será repassada para prefeituras do interior do estado. De acordo com o presidente da Alego, Bruno Peixoto (União Brasil), os veículos serão destinados prioritariamente para uso nas áreas de Saúde e Educação. “Vamos definir critérios para repassar as caminhonetes às prefeituras que comprovarem não ter condições de adquirir veículos por conta própria”, explicou Peixoto.
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A decisão de substituir as caminhonetes por SUVs gerou polêmica, especialmente porque a compra dos veículos 4×4 foi anunciada como uma solução definitiva para reduzir custos com aluguel de carros. Em 2023, a Alego gastava R$ 4,3 milhões por ano com veículos alugados, e a aquisição das caminhonetes foi apresentada como uma economia a longo prazo. No entanto, menos de dois anos depois, a Casa decidiu investir em uma frota nova, com um custo 80% superior ao valor desembolsado na compra anterior.
Deputados reclamaram de desconforto
Nos bastidores, deputados relataram que as caminhonetes não são adequadas para viagens longas, principalmente devido ao espaço limitado e à necessidade de transportar bagagens na carroceria. “Se chover, a mala molha; se tiver poeira, tudo fica sujo. Além disso, os veículos têm apenas cinco lugares, o que é insuficiente para algumas comitivas”, explicou um parlamentar que preferiu não se identificar.
A troca de frota também levantou questionamentos sobre o planejamento da Alego. Em maio de 2023, Bruno Peixoto afirmou que as caminhonetes eram uma solução definitiva e durariam muitos anos. Ele disse que a compra dos veículos foi pensada para economizar dinheiro público. Agora, a justificativa mudou, e a Alego busca carros que mais luxuosos.
Edital foi suspenso e ajustado
O processo de compra dos SUVs também enfrentou obstáculos jurídicos. A primeira versão do edital foi suspensa devido a divergências sobre a aplicação da Lei Federal nº 6.729/79, conhecida como Lei Ferrari, e de uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Ambas exigem que apenas concessionárias autorizadas vendam veículos novos com o primeiro emplacamento.
Para garantir maior competitividade, a Alego ajustou o edital, permitindo a participação de revendedoras de veículos e eliminando a exigência de revisões obrigatórias. “As mudanças ampliam as possibilidades de participação e reduzem o preço estimado dos carros”, explicou Rodrigo Gabriel, diretor de Licitação da Alego. Ele reforçou que o processo segue os princípios de transparência e legalidade.