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sábado, 15 de fevereiro de 2025
Descaso

Centros de Atenção Psicossocial enfrentam crises estruturais e operacionais

Algumas unidades apresentam goteiras, mofo e mato alto, além da falta de medicamentos e profissionais

Postado em 14 de fevereiro de 2025 por Micael Silva
A falta de manutenção adequada e a escassez de recursos humanos e materiais podem agravar o quadro de pacientes que já se encontram em situação de vulnerabilidade Foto: Gabriel Louza/ O Hoje
A falta de manutenção adequada e a escassez de recursos humanos e materiais podem agravar o quadro de pacientes que já se encontram em situação de vulnerabilidade Foto: Gabriel Louza/ O Hoje

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Goiânia enfrentam diversos problemas estruturais e operacionais. Algumas unidades apresentam goteiras, mofo e mato alto, além da falta de medicamentos e profissionais. Esses problemas comprometem a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes que dependem desses serviços.

Durante a visita da reportagem do jornal O Hoje ao CAPS Esperança, no Jardim Petrópolis, em Goiânia, na tarde desta quinta-feira (13),alguns servidores comentaram sobre a situação precária do local. 

“A última reforma que teve foi há 3 anos, mas quem fez foi o filho do dono do local. A reforma que eles falam nem é reforma, é só um botãozinho que passa. Foi o filho do proprietário da casa que fez isso, mas não resolveu nada.”

O CAPS está no local há 16 anos. Além da precariedade, há falta de insumos, como produtos de limpeza, que chegam em pouca quantidade. Na maioria das vezes, as funcionárias da limpeza precisam comprar os produtos para manter a casa organizada. A unidade, que funciona em uma casa cedida pela Prefeitura, atende cerca de 30 pessoas por semana, recebendo pacientes principalmente da região Oeste de Goiânia. Segundo a funcionária, este é o único CAPS disponível na área.

A situação é preocupante, pois os CAPS desempenham um papel fundamental no suporte à saúde mental da população. A falta de manutenção adequada e a escassez de recursos humanos e materiais podem agravar o quadro de pacientes que já se encontram em situação de vulnerabilidade.

Uma paciente que preferiu não se identificar ,relatou sua experiência sobre as condições do local, expressou sua indignação com as condições do local, destacando a falta de estrutura e a dificuldade enfrentada por quem depende do serviço.

“Eu sou atendida aqui, e até me dão o que eu preciso, mas o lugar é um caos. A casa é da Prefeitura, mas está em condições muito ruins. Para quem vem aqui, é complicado”.

A paciente, que já frequenta o CAPS há algum tempo, também elogiou os médicos, mas ressaltou as dificuldades enfrentadas devido à falta de estrutura do local. “Os médicos são muito bons, mas a situação aqui é muito difícil”, concluiu.

A crise nos serviços de saúde, incluindo os CAPS, têm se intensificado nos últimos anos. A cidade enfrenta desafios relacionados à falta de recursos, à alta demanda por atendimentos de saúde mental e à escassez de profissionais qualificados para atuar na área.

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm enfrentado dificuldades significativas para oferecer um atendimento adequado à população, especialmente diante da crescente demanda por serviços de saúde mental. A falta de investimentos suficientes em infraestrutura e medicamentos tem sido um problema recorrente, agravando ainda mais a situação. Além disso, há relatos frequentes de escassez de profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras, o que compromete seriamente o tratamento dos pacientes.

A unidade, que funciona em uma casa cedida pela Prefeitura, atende cerca de 30 pessoas por semana, recebendo pacientes principalmente da região Oeste de GoiâniaFoto:Gabriel Louza/ O Hoje
A unidade, que funciona em uma casa cedida pela Prefeitura, atende cerca de 30 pessoas por semana, recebendo pacientes principalmente da região Oeste de Goiânia
Foto:Gabriel Louza/ O Hoje

A Prefeitura de Goiânia assumiu o compromisso de cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2013 para reestruturar o serviço de transporte dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O TAC foi assinado pelo promotor de Justiça Marcus Antônio Ferreira Alves, titular da 53ª Promotoria do Ministério Público de Goiás (MPGO). O acordo estabelecia que a gestão municipal adquirisse e destinasse um veículo para cada CAPS do município, para atender às atividades essenciais do serviço.

Embora a Prefeitura tenha cumprido a parte inicial do acordo, as ações foram suspensas no ano passado. Desde então, a Promotoria tem recebido denúncias de que os veículos foram retirados. De acordo com o promotor, os carros são fundamentais para a busca ativa, especialmente em casos graves, quando o paciente se recusa ao tratamento voluntário. 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia anunciou que a cidade conta atualmente com 12 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo nove unidades voltadas para o atendimento de adultos e três para o atendimento infanto-juvenil. Juntas, as unidades realizam, em média, 11 mil atendimentos mensais.

Em nota, a SMS informou que a rede de saúde foi recebida pela gestão atual em estado crítico, com sérios problemas estruturais, financeiros e operacionais. Diante dessa situação, a pasta iniciou uma força-tarefa para renegociar contratos, reduzir custos e reestruturar os serviços, com o objetivo de liberar recursos que garantam a qualidade, agilidade e humanização no atendimento da rede.

A SMS também destacou que, para sanar a falta de medicamentos e insumos nas unidades, foi realizada uma compra emergencial, com a distribuição dos itens iniciando nesta quinta-feira (13). Em relação ao CAPS Esperança, localizado no Jardim Petrópolis, a secretaria anunciou que está providenciando a mudança da sede. O atual imóvel alugado será substituído por uma nova unidade, na mesma região, com um contrato de locação já assinado. As adequações necessárias para garantir a adequação do local ao atendimento dos profissionais e pacientes estão em andamento. Veja a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que Goiânia possui 12 Centros de Atenção Psicossocial (CASPS) sendo nove unidades destinadas ao atendimento de adultos e três destinadas ao atendimento infanto-juvenil. Em todas as unidades são realizados em média 11 mil atendimentos por mês.

A SMS ressaltou que recebeu da gestão anterior a rede de saúde em estado de calamidade estrutural, financeira e operacional. A pasta tem realizado uma força-tarefa para renegociação de contratos, redução de custos e reestruturação de serviços com o objetivo de liberar recursos para assegurar assistência em saúde com qualidade, agilidade e humanização em todas as unidades da rede.

A pasta completou dizendo que realizou compra emergencial de medicamentos e insumos, que já começaram a ser distribuídos para as unidades nesta quinta-feira (13) e que, no caso do CAPS Esperança, providencia a mudança da sede da unidade – que está em um imóvel locado. A SMS já realizou novo contrato de locação na mesma região onde o CAPS está localizado e realiza adequações para que o local possa receber os profissionais de pacientes.

A população, especialmente os usuários dos CAPS e seus familiares, esperam que a reestruturação anunciada pela SMS ocorra de forma rápida e eficiente. Enquanto isso, a realidade segue difícil para aqueles que dependem do atendimento diário e enfrentam os desafios da saúde mental em meio a uma rede pública sobrecarregada e carente de investimentos

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