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quinta-feira, 6 de março de 2025
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Análise

Lula aposta em Gleisi para atrair Centrão, mas será suficiente?

Com Gleisi Hoffmann assumindo a Secretaria de Relações Institucionais, o governo Lula tenta equilibrar as demandas do Centrão. A estratégia de oferecer a liderança na Câmara pode não ser suficiente para convencer o bloco, que exige mais espaço político

Postado em 5 de março de 2025 por Bruno Goulart
Lula aposta em Gleisi para atrair Centrão, mas será suficiente?
Foto: Reprodução

Bruno Goulart

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em um momento decisivo de articulação política. Com a recente troca de cargos na Esplanada dos Ministérios, o PT tenta atrair o apoio do Centrão. No entanto, a estratégia de oferecer a liderança do governo na Câmara dos Deputados pode não ser suficiente para convencer o bloco, que historicamente cobra mais espaço e influência no primeiro escalão.

Na última semana, foi confirmado que a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, assumirá a Secretaria de Relações Institucionais, pasta responsável pela articulação política do governo. Ela substituirá Alexandre Padilha, que, por sua vez, assumirá o Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade. A mudança já era esperada, pois Lula desejava Gleisi no cargo, mas a movimentação também reflete uma tentativa de atender às demandas do Centrão, que busca maior participação em pastas estratégicas.

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Vale destacar que tanto Gleisi Hoffmann quanto Alexandre Padilha são nomes da base do governo e não representam o Centrão. Essa escolha pode ser vista como um sinal de que o PT ainda resiste em abrir mão de cargos importantes para aliados de outros partidos. O Centrão, no entanto, esperava ocupar ministérios mais relevantes, como o da Saúde, que ficou com Padilha. A liderança do governo na Câmara é vista como uma “migalha” por alguns aliados, que desejam mais espaço para fortalecer suas bases eleitorais e garantir vantagens políticas.

Liderança na Câmara será suficiente?

A aposta do PT é que a indicação de uma figura do Centrão para a liderança do governo na Câmara possa ser suficiente para garantir o apoio do bloco. Gleisi Hoffmann tem articulado essa possibilidade, mas analistas políticos questionam se essa concessão será capaz de satisfazer as demandas do Centrão, que busca influência direta em pastas estratégicas e maior protagonismo no governo.

“O Centrão quer mais do que a liderança na Câmara. Eles querem ministérios que lhes deem visibilidade e capacidade de implementar políticas que possam ser usadas como plataforma eleitoral em 2026”, avalia o cientista político Felipe Fulquim. A liderança é importante, mas não resolve a questão central, que é a falta de espaço no primeiro escalão.

Fragilidade política

O governo Lula enfrenta um cenário de crescente fragilidade política. A aprovação do presidente está em queda, e a base aliada no Congresso está cada vez mais inquieta. O Centrão, por sua vez, está diante de uma decisão estratégica: manter o apoio a Lula até 2026, correndo o risco de ser associado a um governo desgastado, ou buscar uma alternativa independente que lhe permita se reposicionar no cenário político.

A reforma ministerial, que está em discussão há meses, é uma das principais demandas do Centrão. O bloco cobra mais espaço no primeiro escalão, especialmente em pastas como Saúde, Infraestrutura e Desenvolvimento Regional. No entanto, o PT resiste em abrir mão de ministérios importantes, o que tem gerado atritos entre os aliados.

A urgência pela reforma se deve a um fator principal – o prazo de desincompatibilização para as eleições de 2026 que se aproxima. A partir de abril do próximo ano, quem desejar se lançar candidato precisará deixar o governo, o que deixaria pouco tempo para novos ministros implementarem ações significativas.

Além disso, a aposta na liderança do governo na Câmara pode ser um passo importante, mas, sozinha, dificilmente será suficiente para garantir o apoio do Centrão. O presidente terá que fazer concessões maiores e negociar com habilidade para manter a coesão da base aliada e evitar uma crise política ainda maior.

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