PSDB caminha para uma fusão ainda mais frágil
Próximo de fusão, partido pode chegar mais enfraquecido com saída de lideranças

A novela política sobre o futuro do PSDB, que se arrasta já há alguns meses, deve ganhar novos contornos que não ajudam a solucionar os problemas da cúpula tucana. Articulando uma fusão que não prejudique o legado e a imagem da sigla, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), estão na linha de frente nas negociações, porém, assistem às lideranças tucanas que restaram, aos poucos, deixarem a legenda.
A primeira a debandar do partido foi a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. Com ambições para 2026, quando pretende disputar a reeleição, Lyra decidiu migrar para o PSD. A justificativa é que em um partido mais relevante, as chances de êxito eleitoral crescem. Além disso, a falta de unidade interna dos tucanos no Estado levou à decisão da governadora. Na noite de ontem, ao lado de grandes figuras do PSD, como o presidente Gilberto Kassab e os ministros Alexandre Silveira, da pasta de Minas e Energia, e André de Paula, da pasta de Pesca e Aquicultura, a governadora foi oficializada como nova integrante do partido.
A saída de Lyra foi o pontapé inicial e os indícios são que mais membros do tucanato deixem a sigla. O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, caminha para seguir os passos de Raquel: sair do PSDB rumo ao PSD. Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ainda não decidiu se sairá da legenda ou se permanece com os tucanos e aguarda a fusão. Leite aspira ser candidato à Presidência da República em 2026, e por isso sua situação é incerta.
Em Goiás, os rumores apontam que a deputada federal Lêda Borges também pode estar de saída do partido. A parlamentar, que ocupa a única cadeira conquistada pelo PSDB em Goiás, é sondada pelo PDT, PP, Republicanos e União Brasil. A saída de Lêda representaria a extinção da representatividade do PSDB de Goiás na Câmara dos Deputados. Ao todo, o partido ocupa 13 cadeiras na Casa Baixa. Com pouca expectativa de poder, o partido pode perder a sua única deputada goiana, que provavelmente tentará se reeleger em 2026.
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Ao passo que o desmanche no partido ganha forma, o PSDB também deve definir seu futuro. As negociações com o PSD e o MDB cessaram. O entrave se deu porque a cúpula tucana não abre mão da identidade do partido, e os caciques da legenda lutam para manterem seus poderes nas decisões partidárias. Em um cenário que o PSDB fosse aglutinado por PSD ou MDB – siglas expressivas no cenário nacional – é improvável de se imaginar que isso aconteceria.
Além disso, a fusão partidária determina a abertura de uma janela para que as lideranças, filiadas em qualquer uma das siglas, possam desembarcar do novo grupo sem prejuízos políticos. Pensando nisso, Kassab deu um passo atrás nas negociações para analisar se, de fato, uma fusão com o PSDB seria positiva para seu grupo político.
Atualmente, tudo indica que uma fusão com o Podemos está em estágio avançado de negociação e o Solidariedade pode ser incluído no pacote. Com os caciques do Centrão de fora da disputa pelo que restou dos tucanos, o PSDB tentará reconstruir sua história com outros partidos em ascensão. Se os tucanos conseguirão voltar a ser a sigla que protagonizou a política brasileira como outrora, só descobriremos com o tempo. (Especial para O Hoje)